Gelo derrete mais rápido no Ártico do que expande na Antártida
A Nasa (Agência Espacial Norte-Americana) divulgou nesta terça-feira (23) um estudo que traz duas marcas tão importantes, quanto opostas, sobre a cobertura de gelo no mundo. Em setembro, enquanto a tampa do Oceano Ártico chegou ao menor registro no verão dentro da série histórica iniciada em 1978, a Antártida atingiu a maior extensão durante o inverno.
A extensão do gelo marinho ao redor da Antártida cresceu cerca de 17,1 mil quilômetros quadrados por ano nas últimas três décadas – uma área maior do que o Estado de Connecticut, dos Estados Unidos. A extensão de gelo no Ártico, no entanto, estava 1,32 milhão de quilômetros quadrados abaixo da média, uma perda equivalente a dois Alascas. Ou seja, o derretimento foi bem mais rápido do que o crescimento no outro extremo do planeta, causando impacto no clima global.
“Temos visto um aumento na cobertura de gelo do mar na Antártida que é o oposto do que vem acontecendo no Ártico”, diz Claire Parkinson, autor principal do estudo. “No entanto, esta taxa de crescimento não é tão grande quanto a diminuição.”
De acordo com o autor, a geografia dos dois polos pode explicar a queda de gelo diante da expansão mais lenta. O Oceano Ártico é rodeado por grandes faixas de terra – América do Norte, Eurásia (conjunto da Europa com a Ásia) e a Groenlândia – que “aprisionam” boa parte do gelo, enquanto a Antártida é rodeada por águas abertas, permitindo a expansão da camada gelada com mais facilidade. Além disso, a cobertura de gelo pode sofrer alterações devido às mudanças climáticas.
“Os ventos que sopram na geleira de Ross [na Antártida] estão ficando cada vez mais fortes, o que faz com que o gelo do mar seja empurrado para fora da costa, gerando grandes regiões de águas geladas”, explica Josefino Comiso, outro autor do estudo. “Quanto maior esse espaço com água gelada, maior a produção de gelo na região, pois ela congela em contato com essa atmosfera gélida.”
Segundo os autores, resta, ainda, medir a espessura da camada de gelo, uma peça-chave no estudo do clima da região. “A extensão pode ser maior, mas se o gelo do mar ficar mais fino, o volume permanece o mesmo”, lembra a pesquisa.
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