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Anthony Garotinho (PRP), ex-governador preso três vezes em um ano e que concorre novamente à chefia do Executivo fluminense, disse a comerciantes e empresários, nesta sexta-feira (31), que fatos revelados por ele e apresentados à PGR (Procuradoria-Geral da República) acabaram "gerando a Operação Lava Jato no Rio de Janeiro".

Essa não é a primeira vez que Garotinho, que enfrenta acusações na Justiça e teve sua candidatura impugnada pelo Ministério Público Eleitoral, tenta surfar na onda da Lava Jato e explicitar que parte da investigação, de fato, seguiu caminhos roteirizados pelo escândalo que ficou conhecido como "farra dos guardanapos".

Em debates, entrevistas e até no jingle de campanha, ele tem buscado mostrar isso e ser reconhecido como o antagonista de Eduardo Paes (DEM), ex-aliado de Cabral e que já teve seu nome citado em delações. Até o momento, no entanto, nenhum fato foi comprovado.

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Em atividade de campanha eleitoral e na tentativa de colar uma imagem de "consultor" da força-tarefa liderada pelo MPF (Ministério Público Federal), que levou à cadeia o seu principal adversário político, o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), o candidato declarou ontem ter feito uma "investigação paralela" que reuniu, em um dossiê de 2.000 páginas, documentos, fotos e elementos sobre políticos adversários.

Chamado pelo MPF a fornecer informações acerca dos fatos que ele havia apurado, relatou Garotinho, o postulante ao governo teria prestado depoimento de cerca de seis horas.

Na versão do ex-governador, o principal tema abordado pelos procuradores foram as fraudes a precatórios investigadas na Operação C'est Fini, realizada em novembro do ano passado. A ação é um dos desdobramentos da Lava Jato no RJ. "Me chamaram e me perguntaram como funcionava, quais eram os escritórios que compravam e intermediavam esses esquemas dos precatórios", contou ele, após dar uma palestra na ACRJ (Associação Comercial do Rio de Janeiro), no centro da capital fluminense.

Farra dos guardanapos

Foi Garotinho que tornou público, em 2012, o badalado jantar em Paris que reuniu Cabral e a mulher, agentes públicos e empresários que, de acordo com o MPF, pagavam propina em troca de benefícios em contratos com o estado. Uma das fotos da festa, publicada no "Blog do Garotinho", mostrava os então secretários de estado da gestão Cabral --entre os quais Sérgio Côrtes, preso novamente nesta sexta (31)-- com guardanapos na cabeça.

O episódio ficou conhecido como "farra dos guardanapos" e se transformou em um mapa "itinerário de prisões" da Polícia Federal. Parcela das ações penais em trânsito na 7ª Vara Federal Criminal, do juiz Marcelo Bretas, contra Cabral e outros réus, contém menções ao jantar em Paris. O escândalo virou até livro, autoria do jornalista Silvio Barsetti, lançado em julho.

Ao UOL, o candidato do PRP disse não se tratar de uma estratégia de campanha e que "a polícia está investigando e comprovando tudo" o que foi denunciado por ele. "Eu não quero misturar a realidade, que é o que todos vocês estão vendo, tudo que eu falei, 100% se comprovou, com a eleição. Quem tem que explicar quanto roubou, como roubou, onde colocou o dinheiro, são eles. Eu fiz a minha parte."

"A minha notícia-crime é detalhada. Então, não é que eu seja consultor, eu sou jornalista e político. Eu não sou nem promotor nem policial. O meu papel: o que eu achei que era conveniente, publiquei no meu blog. E o restante eu fui dar ciência à autoridade competente para investigar."