Em SP, 99% das doações acima de R$ 10 mil vão para Skaf e Doria

Luís Adorno e Luiz Alberto Gomes

Do UOL, em São Paulo

  • Adriana Spaca/Estadão Conteúdo

    16.ago.2018 - Os candidatos João Doria e Paulo Skaf o durante o debate da Band

    16.ago.2018 - Os candidatos João Doria e Paulo Skaf o durante o debate da Band

Empatados tecnicamente nas intenções de voto da corrida para ser eleito governador de São Paulo neste ano, Paulo Skaf (MDB) e João Doria (PSDB) são os candidatos que concentram maior apoio financeiro de mega-empresários. Márcio França (PSB) e Luiz Marinho (PT), seus concorrentes mais próximos nas pesquisas, têm como financiamento de campanha apenas o fundo partidário e especial.

Ao todo, Doria e Skaf somam R$ 2.035.000 das doações privadas diretas acima de R$ 10 mil. Ou seja, concentram 98,7% do total de doações que superam os cinco dígitos feitas a todos os candidatos ao governo de São Paulo. Rogério Chequer (NOVO) tem outros R$ 26 mil recebidos de maneira semelhante. Outros candidatos não possuem doações pessoais que superem R$ 10 mil isoladamente. 

Em 2015, o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu a doação de empresas para candidatos e partidos políticos. Assim, as campanhas ficaram dependentes de verbas do fundo partidário, do FEEF (Fundo Especial de Financiamento de Campanha), criado em 2017, e de doações de pessoas físicas. É neste último quesito que Skaf e Doria têm levado grande vantagem em relação aos adversários.

Candidato pela terceira vez ao governo de SP pelo MDB, Skaf recebeu R$ 705 mil. Marcos Marinho Lutz, executivo da Cosan (empresa do setor de combustíveis e logística) é o principal financiador, com R$ 150 mil. Sobrinho do ex-deputado Paulo Maluf (PP) e administrador da ad'Oro, Marcio Lutfalla também doou R$ 150 mil. 

Em terceiro aparece Rubens Ometto Silveira Mello, fundador e diretor-geral da Cosan, com repasse de R$ 100 mil. Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até esta terça-feira (18), ele é o maior doador da eleição de 2018, somando R$ 5,9 milhões para nomes do MDB, PSDB, PT, PP, DEM e outros partidos.

Skaf também conta com apoio de executivos de entidades patronais. Ricardo Oliveira Selmi, do ramo alimentício e diretor da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), doou R$ 10 mil. Outros R$ 100 mil vieram de Abram Abe Szajman, presidente da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). O empresário também fez uma doação com o mesmo valor para Doria.

Além desses nomes, aparecem na lista de doadores de Skaf mais cinco empresários: Lisiane Gurgel Rocha (R$ 100 mil), Mário Sérgio Cutait (R$ 40 mil), Antranik  Kissajikian (R$ 25 mil), Franklin Shunjiro  Nishimura (R$ 20 mil) e Ralph Gustavo Rosenberg  Whitaker Carneiro (RS 10 mil).

Tucano recebe de Abilio e pai de Senna

Já Doria, além do presidente da Fecomercio, teve a doação de outros 10 empresários que somaram R$ 1,3 milhão. O maior valor ficou por conta de Neyde Ugolini de Moraes, mãe dos banqueiros Ermírio de Moraes: R$ 500 mil para a campanha.

Jayme Brasil Garfinkel, presidente da Porto Seguro, e Abilio dos Santos Diniz, da BRF, doaram R$ 250 mil cada. A Porto Seguro teve relação direta com a gestão Doria na prefeitura de São Paulo. A empresa, inclusive, manteve uma praça na região da cracolândia.

Além deles, Waldemar Verdi Junior, da Rodobens, que já havia doado R$ 100 mil dois anos atrás, para a campanha à Prefeitura de São Paulo, voltou a doar o mesmo valor a Doria neste ano. Ralf Gustavo Roberto Baumgart, do shopping Center Norte, doou R$ 50 mil. Representantes do Banco Indusval, R$ 40 mil. Representantes da construtora Pilão Engenharia e Construções, que já fez revitalizações para a prefeitura paulistana, R$ 30 mil.

Até o pai do piloto Ayrton Senna doou para a campanha de Doria. Milton Guirado Theodoro da Silva destinou R$ 10 mil para a candidatura do ex-prefeito da capital ao governo do estado.

Doria x Skaf

Ao ser ultrapassado por Skaf na última pesquisa de intenções de voto promovida pelo Ibope, divulgada em 10 de setembro, João Doria mudou o tom da campanha e passou a ser mais agressivo contra o rival emedebista, que não deixou barato. A relação entre os dois, até então, era de não agressão.

Isso ficou evidente ao longo da campanha e no debate da RedeTV!, em 24 de agosto, quando horas antes Doria tinha sido condenado a perda de direitos políticos, fato que Skaf não mencionou em nenhum momento, mesmo tendo a oportunidade de questionar o adversário durante os enfrentamentos. No debate, inclusive, só os candidatos Professora Lisete (PSOL) e Luiz Marinho (PT) mencionaram o caso.

Doria tenta colar a Skaf a imagem do presidente Michel Temer, também do MDB, e com alta rejeição. Skaf tem reagido contra o rival. Recentemente, afirmou que Doria é um "político de quinta categoria".

Skaf e Doria estão empatados tecnicamente, segundo a última pesquisa, com 22% e 21% das intenções de voto, respectivamente. Na sequência, vêm Márcio França (PSB) e Luiz Marinho (PT), com 8% e 5%.

Diferentemente de Skaf e Doria, França e Marinho não têm doações registradas na justiça eleitoral de grandes empresários. O atual governador teve R$ 9,7 milhões diretório estadual do PSB. Do diretório nacional, França recebeu R$ 3 milhões. Já o petista Luiz Marinho recebeu R$ 3,2 milhões do diretório nacional do partido, e outros R$ 8,4 mil do diretório estadual do PT.

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