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Delegado autorizou queima de colchão de PC Farias após o crime, dizem testemunhas

Leonino Tenório Carvalho (de camisa verde), testemunha de acusação arrolada pelo Ministério Público, chega para depor e abrir a seção do julgamento dos acusados de matar Paulo César Farias e sua namorada, Suzana Marcolino, nesta segunda-feira (6), em Maceió - Beto Macário/UOL
Leonino Tenório Carvalho (de camisa verde), testemunha de acusação arrolada pelo Ministério Público, chega para depor e abrir a seção do julgamento dos acusados de matar Paulo César Farias e sua namorada, Suzana Marcolino, nesta segunda-feira (6), em Maceió Imagem: Beto Macário/UOL

Aliny Gama e Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

06/05/2013 19h13

Primeira testemunha do júri popular dos quatro acusados de participação na morte de Paulo César Farias e sua namorada Suzana Marcolino, o jardineiro da casa de veraneio, Leonino Tenório Carvalho, confirmou que queimou o colchão onde teria ocorrido o crime, na casa de praia de Gauxuma, litoral norte de Maceió.

"Eu falei com o Flávio [Almeida, tenente e chefe da segurança de PC Farias], que estava com mau cheiro. Aí eu perguntei ele, disse a ele que estava podre, e ele ligou para não sei quem, e mandou fazer a limpeza e jogar fora. Peguei o colchão e meti fogo. Eu pensei que não ia incomodar", afirmou.

Logo em seguida, no segundo depoimento, o garçom de Paulo César Farias, Genival da Silva França, confirmou a ordem para destruição das provas e afirmou que a autorização para queima do colchão foi dada pelo primeiro delegado do caso, Cícero Torres (que foi afastado do caso, após a contestação do laudo usado como base para definir crime passional).

“O Leonino me disse que falou com o Flávio, que falou com o delegado Cícero Torres, que disse que poderia jogar fora, que o que tinha de ser feito já tinha sido feito”, afirmou o garçom.

Sem discussões

Ainda em seu depoimento, o jardineiro afirmou que nunca ouviu discussões ou brigas entre o empresário e sua então companheira. "Pelo que eu saiba era um relacionamento normal. Nunca presenciei nenhuma briga, nem dela com PC, nem dela com os filhos ou irmãos. Ela não morava lá, ia só finais de semana", disse.

Segundo a defesa dos réus, o ciúme de Suzana --com constantes brigas-- e a iminência de uma separação teriam sido as causas do crime contra PC. Para o advogado dos réus, José Fragoso Cavalcanti, PC iria romper o relacionamento para iniciar uma outra relação, com Cláudia Dantas.

Carvalho contou ainda que, por volta das 11h da manhã do domingo, dia 23 de junho de 1996, eles foram chamar PC e perceberam um silêncio. Foi aí que forçaram a janela para ter acesso à casa.

"O acesso foi feito só pela janela. O Reinaldo [Correia de Lima Filho, um dos réus] foi até o corpo do doutor Paulo, viu que ele estava morto e disse: 'O que será da gente?' Ele saiu, reuniu todo mundo e tentou nos acalmar. O Reinaldo ligou para o Flávio [Almeida, tenente e chefe da segurança de PC Farias], e não conseguiu, mas informou ao doutor Augusto [Farias, irmão de PC] o que teria acontecido", disse.

O jardineiro --que ainda trabalha para a família Farias-- disse que nunca recebeu pressão de parentes. "São pessoas excelentes, até hoje trabalho com eles."

Já o garçom Genival da Silva França afirmou que presenciou brigas do casal. “Eu presenciei dois atritos. Um foi por causa de uma ligação, e outra foi outra vez que ela foi lá na casa de praia, chegou e ele [PC], educadamente, mandou ela entrar e ficou conversando com ela. Vi ele gesticulando, como se estivesse brabo com ela”, afirmou.

França ainda confirmou a mesma versão do jardineiro de acesso à casa pela janela e observação da morte de PC Farias pelo militar Reinaldo.