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A jornalista Carla Bigatto conduz com analistas um papo sobre temas que dominam a pauta política.


Baixo Clero #75: Bolsonaro tem de ser responsabilizado por atitude na pandemia

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Do UOL, em São Paulo

04/03/2021 22h09

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) precisa responder pelas mais de 260 mil mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil. A opinião unânime permeou o episódio #75 do Baixo Clero, com participação da convidada Mariana Varella, editora do Portal Drauzio Varella.

A apresentadora Carla Bigatto e os colunistas do UOL Diogo Schelp e Maria Carolina Trevisan levaram ao ar dados e notícias envolvendo a pior semana desde que a covid-19 chegou ao Brasil. Em suma, eles acham que Bolsonaro poderia ter agido para evitar uma parcela considerável destes óbitos.

"Ficamos com a população confusa, pressão grande sobre o sistema de saúde e sem informações concretas para orientação. Desde o começo, epidemiologistas falaram que eram necessárias ações coordenadas. Um plano de ação não aconteceu até agora", afirma Mariana Varella (ver a partir de 4:28 no vídeo acima).

A jornalista entende que o presidente deixou governadores e prefeitos para resolver os problemas sozinhos. "Ele se isentou completamente a fazer a parte que cabe ao governo federal. Tem de ser responsabilizado", diz (ver a partir de 28:30 no vídeo acima).

Como Bolsonaro poderia ser responsabilizado? A questão é complexa. Há formas internas, como ações que poderiam gerar um impeachment, e no exterior, com denúncia em cortes internacionais, para o presidente responder.

Entretanto, há resistência à "instabilidade política" que um afastamento traria, como explica Maria Carolina Trevisan, colunista do UOL. "Em alguma hora, essa conta vai vir e ele [Bolsonaro] precisa prestar contas. Se não for na esfera jurídica, será nas urnas", define (ver a partir de 27:10 no vídeo acima).

A certeza de tal impacto na votação em 2022, próximo pleito presidencial, não é tão real. Como alerta Diogo Schelp, titular do Baixo Clero durante o programa #75, Bolsonaro possui cerca de 30% de aprovação e um grupo ferrenho de apoiadores.

"É um índice baixo, por não ser a maioria da população, mas é muito alto. Lembrando que, por exemplo, a ex-presidente Dilma [Rousseff, do PT] antes de sofrer impeachment chegou a ter menos de 10% de popularidade em condição completamente diferente, de crise econômica", afirma (ver a partir de 32:20 no vídeo acima).

Mansão do 01

No episódio #75, os colunistas ainda debateram a compra de uma mansão por parte do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) no valor de R$ 6 milhões em Brasília. A notícia, divulgada nesta semana, moveu a política nacional.

Filho 01 do presidente Jair, Flávio é investigado no Rio de Janeiro por um esquema conhecido por "rachadinhas" enquanto era deputado estadual. A ação consistia na devolução de dinheiro por parte de assessores políticos.

Na investigação há trabalho para identificar transações imobiliárias como sendo, ou não, parte do esquema. Para os colunistas, o senador age conscientemente.

"Ao comprara a mansão, Flávio Bolsonaro crê que não vai ser punido", define Maria Carolina Trevisan (ver a partir de 44:30 no vídeo acima).

Schelp cita pontos estranhos no caso da mansão, como o empresário dono do imóvel dizer que recebeu um valor menor à vista do que foi informado para a imprensa. E a coincidência que este empresário namorada uma ex-assessora de um juiz do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que tomou decisões favoráveis à defesa de Flávio no caso das rachadinhas.

O jornalista reforça o poder da lei que impõe a candidatos a declaração dos seus bens como forma de fiscalizar possíveis enriquecimento ilícitos.

"Essa questão de riqueza, o que um político aparenta e de fato declara, é como se descobre quando há algo de estranho. Até para as pessoas compararem como ele conseguiu um patrimônio com determinada renda".

Frigideira

No tradicional quadro do Baixo Clero, os colunistas Maria Carolina Trevisan e Diogo Schelp colocaram nomes na frigideira. Desta vez, a novidade foi a audiência do podcast indicando um dos nomes. E dois presidentes ocuparam seu lugarzinho na frigideira do programa #75.

A audiência fritou o presidente Jair Bolsonaro, opinião popular seguida por Trevisan. "Estou junto com a audiência, não tem como! O que Bolsonaro tem feito com a pandemia, o negacionismo, custa vidas. Não pode um líder de nação fazer isso. Ele faz uma política destrutiva", justifica (ver a partir de 52:00 no vídeo acima).

Fora da temática da saúde, Schelp optou pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), pelo seu primeiro mês à frente da casa. O colunista do UOL identificou "vários problemas" nestes 30 dias.

"No episódio da votação para manter ou não a prisão do Daniel Silveira (PSL-RJ), que foi mantida, mas que Lira usou como justificativa para aprovar PEC da impunidade e blindar ainda mais os deputados", exemplifica (ver a partir de 53:15 no vídeo acima).

Conforme sustenta Schelp, Lira atuou de forma corporativa à frente da Câmara ao pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) a prisão do humorista Danilo Gentili, do SBT, por conta de uma piada.

"Um absurdo completo em meio a um monte de outras prioridades, problema de vacina, aprovação de auxílio emergencial e mais uma vez um presidente da Câmara que pensa no corporativismo", afirma.

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