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A jornalista Carla Bigatto conduz com analistas um papo sobre temas que dominam a pauta política.


Baixo Clero #77: Dados de assessores de clã Bolsonaro terão impacto em 2022

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Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/03/2021 19h57

O episódio especial do Baixo Clero discute a revelação de indícios de que outros membros da família Bolsonaro, além do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), utilizaram o esquema de rachadinha em seus gabinetes. Na edição #77, as autoras da série de reportagem discute os elementos de possíveis crimes, como peculato, e os impactos de tais revelações.

O UOL revelou hoje, em reportagem de Amanda Rossi, Gabriela Sá Pessoa, Juliana Dal Piva e Flávio Costa, detalhes da investigação do Ministério Público do Rio com dados obtidos em quebra de sigilo bancário. São 607.552 operações distribuídas em 100 planilhas (uma para cada suspeito) sobre o esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio.

As transações mostram que assessores de Carlos Bolsonaro, seu irmão e vereador do Rio de Janeiro, e Jair Bolsonaro, seu pai e atual presidente, tinham movimentações bancárias similares, com saque de quase todo o salário. Havia, também, troca de pessoal entre o clã Bolsonaro.

As jornalistas detalham ao longo do programa como ocorreu a apuração até a reportagem ir ao ar. "Conseguimos ter uma pista do que acontecia dentro dos gabinetes. Não eram os principais assessores e não pegam todos os mandatos, mas pudemos jogar essa lupa", diz Amanda Rossi (veja em 3:00 no vídeo acima), citando que o esquema pode ser mais antigo do que se apurou.

O colunista do UOL Diogo Schelp considera a reportagem reveladora. "Era uma prática de família, não restrita a somente um dos membros do clã Bolsonaro. Também acontecia no gabinete de Jair Bolsonaro. E é corrupção", define (veja em 5:40 no vídeo acima).

Entender os laços é complicado, pois "existe uma confusão de quem trabalha com quem e qual o uso dado a esse dinheiro da família", como explica Gabriela Sá Pessoa (veja em 40:50 no vídeo acima). "Fica a tônica de um ato contínuo nos gabinetes", completa Amanda.

Amanhã, serão julgados no STJ (Superior Tribunal de Justiça) recursos de Flávo Bolsonaro e Queiroz sobre o caso. Também há dúvidas se a PGR (Procuradoria-Geral da República), comandada por Augusto Aras, pedirá alguma investigação com relação ao presidente.

"A quebra de sigilos formou maior parte da acusação", afirma Juliana Dal Piva (veja em 25:30 no vídeo acima), explicando que, se as transações forem desconsideradas na investigação, o processo estará comprometido. Contudo, a questão fora da Justiça já está clara. Para agora e no futuro, nas eleições de 2022.

"A presença do Lula move o xadrez político de forma que todos têm de se relocalizar", define Maria Carolina Trevisan, titular do Baixo Clero. O potencial de perda eleitoral foi sentido antes da revelação de que não apenas Flávio teria ligação com rachadinhas.

"Já há impacto negativo para o presidente e seus filhos. O Carlos teve redução de 30% nos votos para vereador em 2020, a mãe dele, que era candidata e cuja irmã teve cargo em gabinete de Jair, nem foi eleita", exemplifica a colunista do UOL (veja em 33:10 no vídeo acima).

Para Amanda Rossi, as transações têm potencial de gerar mais desgaste. "Virou fato público, assim como os cheques de R$ 89 mil para Michele Bolsonaro enviados pelo [Fabrício] Queiroz [assessor de Flávio e suspeito de ser o mediador o esquema]", explica (veja em 30:45 no vídeo acima).

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