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A jornalista Carla Bigatto conduz com analistas um papo sobre temas que dominam a pauta política.


ANÁLISE

Baixo Clero #74: Paulo Guedes não é mais queridinho do mercado como antes

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Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/02/2021 20h02

Considerado "superministro" da Economia, Paulo Guedes perdeu seu poder de impacto junto ao mercado desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A interferência na Petrobras é mais uma demonstração de tal queda de popularidade, como mostra o debate ao longo do episódio #74 do Baixo Clero.

Nesta edição, o podcast de política do UOL recebe a colunista Carla Araújo para tratar dos assuntos envolvendo economia. A troca no comando da Petrobras atinge um nome indicado por Paulo Guedes, ao substituir Roberto Castello Branco por um militar. O ministro preferiu o silêncio.

"O mercado está olhando, mas o Guedes não mais é 'o queridinho' como antes. Agora, tem um problema e aquela velha máxima: vai tirar ele e colocar quem? Às vezes, o que está ruim pode piorar", afirma Carla Araújo (confira a partir de 19:40 no vídeo acima).

A visão é que o presidente Bolsonaro, ainda que faça acenos e afagos ao liberalismo, não pensa duas vezes antes de tomar atitudes que fragilizem o superministro. "O silêncio simboliza Guedes tomando mais uma bola nas costas", sintetiza Araújo (veja a partir de 4:51 no vídeo acima).

Ao interferir na Petrobras, o presidente chegou a dizer que Castello Branco era vagabundo e trabalhava de casa durante o isolamento social causado pela pandemia de covid-19.

Maria Carolina Trevisan, estranha tal fala se referir ao trabalho de um período no qual a empresa teve maior valorização no ano. "Como pode mentir? Bolsonaro tem uma estratégia para agradar sua base eleitoral" (veja a partir de 6:52 no vídeo acima).

Para ela, o mercado reage conforme a estabilidade de um determinado local. "Se você tem uma fala do presidente que torna todo o cenário instável, ele se afasta. Porque os investidores não querem investir em um país que tem insegurança" (veja a partir de 6:40 no vídeo acima).

Diogo Schelp, colunista do UOL, avalia que há alguns pontos responsáveis por segurar Paulo Guedes no governo federal. Entre eles está o processo de privatização e, também, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Emergencial, que propõe uma nova injeção de dinheiro na economia a partir de um novo auxílio emergencial.

"Fico com a sensação de que MP (Medida Provisória) para privatização da Eletrobras, lista de estatais para privatização, tudo parece migalha para Guedes", afirma (veja a partir de 11:20 no vídeo acima).

Ministro, Arthur Lira e 01 na frigideira

Como já é tradição no Baixo Clero, não poderia faltar a frigideira no episódio #73. A convidada do dia, Carla Araújo, colocou o presidente da Câmara.

"Temos de estar de olho muito aberto em Arthur Lira", sentenciou. Para ela, a PEC da Imunidade Parlamentar, em votação na Casa, é um absurdo. Lira decidiu pautar a proposta em meio à pandemia do novo coronavírus.

"No momento que estamos, com 250 mil mortos e milhares de pessoas precisando do auxílio emergencial, a Câmara interrompe as votações para se proteger contra a prisão. Vale uma superfrigideira", critica.

Na linha do combate à pandemia, Maria Carolina Trevisan optou pelo nome de Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente. Contaminado com covid-19, ele se recusou a manter isolamento. Pior: participou de eventos públicos com centenas de pessoas.

"Não apenas pelo fato em si, que não deveria ocorrer jamais, ainda mais de um ministro, que tem que dar o exemplo diante de uma pandemia. É uma falta de respeito completa com a população, que deveria ser mais afagada, tratada com compaixão num momento de luto", diz.

Já Schelp escolheu um parente do presidente: Flávio Bolsonaro, o filho 01. O nome não surge necessariamente por um ato do senador pelo Rio de Janeiro, mas pela decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de invalidar provas colhidas contra ele na investigação contra as rachadinhas enquanto era deputado estadual.

"Empurra [o caso] para a impunidade. Flávio vai para a frigideira porque comemorou isso falando que não passa de uma perseguição politica. Na verdade, vai ser pecha da família, pois os fatos são conhecidos: compra de apartamento em dinheiro vivo, depósito de cheque na conta da primeira-dama... Os fatos não foram apagados", diz.

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