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Delator de Bolsonaro, Cid cumpre rotina restrita à espera de investigações

Desde que deixou a prisão há quatro meses por decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, o tenente-coronel Mauro Cid cumpre rígida rotina de recolhimento domiciliar e aguarda a Polícia Federal concluir as investigações sobre Jair Bolsonaro (PL).

Cid fechou em setembro um acordo de delação premiada com a PF e acusou o ex-presidente de envolvimento em uma trama golpista para não aceitar o resultado das eleições, como revelou o UOL.

Ele foi liberado da prisão, mas ainda aguarda para usufruir outros benefícios da sua delação premiada, que podem incluir até mesmo um perdão judicial. Mas isso tudo depende agora do trabalho da PF: os investigadores buscam provas para corroborar os relatos do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e verificar se ele falou a verdade em seus depoimentos.

Somente se a delação for comprovadamente eficaz é que Mauro Cid terá direito, ao final do processo, aos benefícios. A PF trabalha para finalizar no início deste ano as linhas de investigação envolvendo Jair Bolsonaro, com a apresentação de um relatório final sobre as milícias digitais.

Quando autorizou sua saída da prisão, Moraes determinou que Cid usasse tornozeleira eletrônica, comparecesse semanalmente à Justiça e cumprisse recolhimento domiciliar noturno e aos finais de semana.

A defesa de Cid até pediu a Moraes que ele pudesse retornar ao trabalho no Exército, mas o ministro negou o pedido sob o argumento de que as investigações ainda estão em andamento.

O tenente-coronel também tentou, no fim do ano, obter autorização para realizar uma viagem para acompanhar uma de suas filhas em uma competição de hipismo. A defesa de Cid pediu permissão para que ele se deslocasse de carro de Brasília a Curitiba, entre 12 e 21 de novembro, hospedando-se em um hotel do Exército na capital paranaense.

A defesa também relatou a Moraes que a filha de Cid passou a sofrer com "comentários constrangedores" de seus colegas na escola após a prisão do pai, e, por isso, concentrou seus esforços na atividade do hipismo.

Os argumentos, entretanto, não comoveram o ministro. Moraes negou o pedido, dizendo que a filha de Cid poderia ser acompanhada por outro parente até a competição. "A investigação, inclusive quanto ao requerente, ainda se encontra em andamento, não tendo sido apresentado relatório conclusivo pela Polícia Federal", escreveu em sua decisão.

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O que Cid delatou

O tenente-coronel Mauro Cid narrou, em uma série de depoimentos à PF, diversas irregularidades envolvendo a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Como revelou o UOL, Cid disse à PF que Bolsonaro discutiu uma minuta golpista com os comandantes das Forças Armadas, após o resultado das eleições, com o objetivo de manter-se no poder. O comandante da Marinha, Almir Garnier, apoiou o plano de golpe, mas os chefes do Exército e da Aeronáutica não embarcaram.

Cid também contou que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) era uma das pessoas que, em conversas com Jair Bolsonaro, incitava-o a embarcar em iniciativas golpistas.

Cid revelou que cumpriu ordens de Bolsonaro para fraudar seu cartão de vacina contra a covid-19 e também para vender as joias dadas de presente ao governo brasileiro, com a entrega de dinheiro vivo ao ex-mandatário.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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