Governo Milei lançará canal para pais denunciarem 'doutrinamento' em escola
O porta-voz da Casa Rosada, Manuel Ardoni, disse hoje (4) que o governo de Javier Milei vai enviar um projeto de lei para penalizar o "doutrinamento nas escolas".
O objetivo é modificar a Lei Nacional de Educação, informou a Casa Rosada. O governo também quer implementar um canal para que "pais e alunos possam denunciar atividades políticas que não respeitem a liberdade de expressão dentro da sala de aula".
O porta-voz afirmou que todos "têm direito a serem educados" e se os alunos "perceberem" que não tiveram esse direito garantido, poderão denunciar.
Nos entristece ver a quantidade de conteúdos com militância ideológica nas escola.
Manuel Ardoni, porta-voz da Casa Rosada
No Brasil, o movimento Escola sem Partido ganhou força a partir de 2015, principalmente entre conservadores e políticos de direita. Os apoiadores tinham como causa a "neutralidade do ensino" por meio da proibição da suposta "doutrinação ideológica" nas escolas. O projeto sofreu derrotas em série nos últimos anos — em 2020, por exemplo, o STF considerou inconstitucional uma lei estadual de Alagoas que tinha conteúdo semelhante.
Greve de professores
O anúncio do governo argentino ocorre no mesmo dia em que os docentes do país realizam uma paralisação nacional de 24 horas — um mês após o início do ano letivo. O jornal Clarín afirma que houve confusão entre os manifestantes e a polícia nas ruas de Buenos Aires.
Na coletiva de imprensa desta quinta, o governo deslegitimou a greve argumentando que "70% dos alunos não sabem ler nem resolver problemas matemáticos básicos".
A paralisação nacional dos professores argentinos é um protesto contra a eliminação do Fundo Nacional para o Incentivo Docente e contra a falta de diálogo com o governo sobre os aumentos salariais da categoria.
A greve é liderada pela Confederação de Trabalhadores da Educação da Argentina, que aponta que o novo governo está tomando medidas "que apontam para a destruição da educação".
Plano motosserra
Milei vem realizando cortes nas verbas para ciência, educação e cultura na Argentina. O país tem cinco prêmios Nobel (três científicos e dois da paz) — cientistas alegam que desde que o novo presidente assumiu, as bolsas de pesquisa científica foram congeladas e foram reduzidos os fundos para as universidades públicas, como a de Buenos Aires, considerada uma das melhores da América Latina.
A Confederação Geral do Trabalho, maior central sindical do país, anunciou que, diante das medidas econômicas, os sindicatos não terão outra alternativa que não a greve geral.
Na semana passada, o governo anunciou a demissão de 15 mil servidores de diversas áreas e disse que vai chegar a 70 mil desligamentos em breve.
Recentemente, o governo Milei demitiu cerca de 121 funcionários da Biblioteca Nacional, que já teve o escritor Jorge Luís Borges como diretor. Um abaixo-assinado foi criado e conta, até o início desta tarde, com quase 20 mil assinaturas de artistas, professores, pesquisadores e intelectuais.
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Quero receberMilei também determinou o fechamento do Instituto contra Discriminação, Racismo e Xenofobia, alegando que o mesmo era cabide de empregos e não tinha contribuição social.
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