Amanda Cotrim

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Tesla e Starlink são foco de Milei em encontro com Musk nos EUA

O presidente argentino Javier Milei tem um encontro marcado com o bilionário Elon Musk, em uma fábrica da Tesla Giga, de propriedade do empresário, no Texas, no sábado (13). Em pauta estaria a entrada da Tesla na Argentina, responsável por carros elétricos, e a expansão da empresa de satélites Starlink, também do bilionário, que chegou aos céus argentinos em março, com o serviço de internet via satélite.

O presidente também foi homenageado pela Chabad Lubavitch - uma ala ortodoxa do judaísmo -, ontem (10), em Miami, por seu apoio ao governo de Israel, onde recebeu o título de Embaixador Internacional da Luz. Milei se encontrará hoje (11) com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Illan Goldfajn, e visitará o Instituto de Políticas Públicas Jack D. Gordon

O encontro entre Milei e Musk acontece em um contexto de flertes virtuais entre as duas figuras e em meio ao conflito do bilionário com a suprema corte brasileira. Milei, fã de Trump e próximo da família Bolsonaro, não nega seu entusiasmo em ser recebido pelo empresário sul-africano, que nunca escondeu sua preferência por Milei durante a campanha eleitoral. Nas redes sociais, o encontro é tratado por Milei como o evento mais importante da sua agenda de viagem internacional, que começou nos Estados Unidos, ontem e terminará na Dinamarca, no dia 17.

Musk de olho no lítio da Argentina

De acordo com analistas políticos e ambientalistas consultados pelo UOL, o bilionário está interessado no lítio, que é abundante na Argentina (65% do recurso mundial está concentrado na tríplice fronteira Argentina, Bolívia e Chile, de acordo com dados do governo argentino). O metal é a principal matéria-prima para a produção de baterias para carros elétricos, o que favorecia diretamente os interesses da Tesla, no país.

Em dezembro, Milei derrubou, por meio do Mega Decreto de Necessidade e Urgência, a lei de terras, que previa um limite de 15% na compra de terras argentinas por estrangeiros. O texto original da Lei de Bases (a mega lei conhecida como ônibus) também flexibilizava a compra de terras por estrangeiros.

Agora, Musk está de olho não apenas nos céus da Argentina como em seu solo. Em uma entrevista a uma importante apresentadora de tv argentina, em dezembro, Milei reconheceu o interesse em firmar negócios com as empresas de Elon Musk.

Corrida pelo lítio preocupa ambientalistas

O lítio é um mineral considerado o ouro branco do século 21. Na Argentina, sua concentração se dá, principalmente, em áreas indígenas. Ambientalistas denunciam que o avanço de mineradoras na região tem afetado os ecossistemas e comunidades locais, que temem a exploração do lítio porque, entre outras razões, os canais que rodeiam suas comunidades estão conectados com os salares, onde estão as águas subterrâneas cheias de lítio.

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A província de Jujuy, no norte do país e na fronteira com a Bolívia e o Chile, é o principal foco de conflito envolvendo o lítio na Argentina, com 36% do total de minério em relação ao restante do país, de acordo com dados oficiais. Ali, a empresa Sales de Jujuy - formada pela japonesa Toyota, a canadense Orocobre e a empresa local Jemse - operam na região.

Além dessas, de acordo com meios argentinos, em 2024 outras empresas francesas, australianas e sul-coreana se somariam a investir na exploração do lítio na região. Em 2022, a chinesa Tibet Summit Resources anunciou um investimento de US$ 2.200 milhões em dois projetos de exploração de lítio na Argentina.

Starlink autorizada a operar na Argentina

O Starlink, outro empreendimento de Musk, é um projeto de desenvolvimento de uma rede de satélites de baixo custo e alto desempenho.

Em dezembro, Milei anunciou a desregulação dos serviços de internet via satélite. Na época, o governo disse que se tratava de uma medida para permitir o ingresso de empresas como a Starlink. O governo argentino justificou que o serviço possibilita que lugares rurais e mais afastados dos grandes centros possam usufruir dos serviços, com baixo custo e alta qualidade.

Atualmente, o serviço está sendo oferecido em média por US$ 50 dólares (50 mil pesos argentinos, que é equivalente a R$ 250). O preço não está distante dos concorrentes argentinos, como a Orbith e Insat e mesmo a Telecom. Em sites de compra, como o Mercado Livre, um kit necessário para a instalação do serviço Starlink é vendido a 500 mil pesos (US$ 500 dólares ou R$ 2500).

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A imprensa argentina especula que o presidente argentino, que está na co-criação de uma cúpula de empresários de tecnologia, planeja estreitar o convite a Musk. O evento, que ainda não tem previsão para ocorrer, também contaria com figuras como Sean Rad (fundador do Tinder) e o próprio Elon Musk.

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