Amanda Cotrim

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Reportagem

Milei muda gabinete visando seu maior projeto político, a lei ultraliberal

Em sua primeira coletiva de imprensa como novo chefe de Gabinete da presidência da Argentina, Guillermo Francos afirmou que a Lei Bases (conhecida como "lei ônibus") dependerá de muito diálogo para poder ser aprovada, mas negou que sua permanência no cargo de maior confiança do presidente dependa da sanção da lei ultraliberal.

Mais cedo, em entrevista à emissora Rádio Rivadavia, o novo chefe de gabinete informou que o idealizador do megadecreto de Milei, Federico Sturzenegger, fará parte do gabinete como ministro, mas não deu detalhes sobre o nome do ministério.

"Será em uma área que tem a ver com a desregulação econômica do país", declarou o novo chefe de gabinete de Milei. E afirmou que Sturzenegger "trabalhará para simplificar o Estado".

A Lei Bases tem como principal objetivo a desregulamentação da economia e o corte de gastos públicos, abrindo caminho, por exemplo, para a privatização de empresas estatais. O projeto passou pela Câmara e espera ser apreciado pelo Senado.

"Eu não posso dizer que minha gestão [no gabinete] dependa da Lei Bases, porque eu acabei de assumir. O nosso governo é minoria no Congresso. Estamos trabalhando em conjunto há meses", afirmou Francos, que era ministro do Interior e foi nomeado para ser o braço direito de Milei.

Ele também afirmou que o projeto mais ambicioso de Milei deve passar por mais mudanças, para conseguir aprovação no Senado.

O texto inicialmente tinha mais de 600 artigos; atualmente o projeto foi reduzido para um pouco mais de 200 pontos e pode ser diminuído ainda mais. "Temos meia sanção da lei e estamos por aprová-la no Senado com algumas mudanças que podem acontecer e que são normais", adiantou Francos, em coletiva na Casa Rosada.

O Ministério do Interior, pasta que era chefiada por Francos, se transformará em uma secretaria subordinada ao Gabinete.

Troca de homem de confiança de Milei

A imprensa argentina já havia especulado sobre a saída de Nicolás Posse do gabinete, devido a um afastamento entre ele e Javier Milei, que o tinha como braço direito e seu homem de confiança.

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O governo chegou a negar as especulações e até ironizou a imprensa, dizendo serem informações sem fundamento. Nicolás Posse foi parte importante da equipe envolvida nas negociações da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), juntamente com o ministro da Economia, Luis Caputo.

O futuro do agora ex-chefe de Gabinete ainda é incerto no governo Milei. Sobre as diferenças entre Milei e Posse, apresentadas em nota pela Presidência como o motivo para a saída, Francos amenizou, dizendo que se trata de diferenças de expectativas. Ele argumentou que, por ser um governo com integrantes sem experiência política e "história institucional", muitas tarefas foram concentradas no gabinete, mas deveriam ter sido distribuídas por outros ministérios.

"E é o que eu vou fazer: descentralizar o gabinete", disse o novo braço direito de Milei, em coletiva de imprensa.

Guillermo Francos ainda reforçou o seu papel em trabalhar para dialogar com os blocos de outros partidos e os líderes dos estados, a fim de equilibrar as forças políticas, uma vez que Milei não tem a maioria no Congresso e protagonizou conflitos com os governadores da Patagônia argentina.

"Minha função será coordenar o trabalho dos ministros, conforme os interesses do governo e os interesses dos estados. Coordenar o nosso tipo de governo e as outras forças (politicas)", detalhou Francos.

Segunda renúncia em seis meses

Javier Milei aceitou a renúncia do chefe de gabinete Nicolás Posse na noite de ontem (27), em meio a uma expectativa sobre os rumos das reformas econômicas impulsionadas pelo presidente. Mas esse não foi o primeiro político a ser desligado do governo.

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Em janeiro, com 45 dias de governo, a saída silenciosa do ministro de Infraestrutura, Guillermo Ferraro, foi a primeira baixa. A demissão estava ligada a um suposto vazamento de informações de reuniões do gabinete à imprensa, que envolveu ameaças do presidente a governadores publicadas no jornal Clarin na época. "Eu vou deixá-los sem um peso", teria dito Milei, em ameaça aos governadores se a Lei Bases não fosse aprovada no Congresso.

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