Inimigo declarado de Maduro, Milei não enviará representante para a eleição
Notório crítico de Nicolás Maduro, o presidente argentino Javier Milei não enviará oficialmente nenhum representante do governo para as eleições no país vizinho. Mais de 600 observadores internacionais estarão na Venezuela acompanhando o pleito eleitoral no domingo (28).
O governo argentino também confirmou que nem a chanceler Diana Mondino e nem outro representante do Ministério de Relações Exteriores estará na Venezuela. A ideia do governo Milei é seguir os relatórios do representante da Casa Rosada na embaixada argentina em Caracas, Andres Mangiarotti.
Em 28 de julho, os venezuelanos escolherão quem será o novo presidente do país, se Nicolás Maduro ou Edmundo González Urrutia, representante da coalizão liderada por Maria Corina Machado, uma referência do antichavismo.
Na quarta-feira (24), o ex-presidente peronista Alberto Fernández, antecessor de Milei, disse que o governo da Venezuela lhe pediu que não viaje para atuar como observador das eleições, porque tem "dúvidas sobre [sua] imparcialidade".
Fernández havia informado a uma rádio local que seria observador das eleições na Venezuela, onde pretendia se reunir com dirigentes da oposição "para escutar suas preocupações". Ele também havia advertido que Maduro tem que aceitar o resultado das urnas, citando o presidente Lula, de quem é amigo pessoal.
"Se Maduro for derrotado, o que ele tem que fazer é aceitar. Como disse Lula, o que ganha, ganha, e o que perde, perde. Ponto final. Assim é a democracia. Não vou legalizar ninguém, vou fazer o que me pediram, ser um observador da eleição para que tudo funcione bem", disse o ex-presidente.
Essas falas motivaram o pedido do governo venezuelano, segundo Fernández. "Entenderam que a coincidência com o que havia expressado um dia antes o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, gerava uma espécie de desestabilização do processo eleitoral", disse.
Troca de insultos e provocações
Na semana passada, durante um ato em Petare, um dos maiores bairros da periferia de Caracas, Maduro acusou Milei de promover um plano para gerar uma "tragédia" e forçar a suspensão das eleições, junto com os Estados Unidos.
Ele se referiu ao presidente argentino como o "malparido do Milei" e afirmou que ninguém vai sabotar o pleito. Milei respondeu à provocação. Por meio do porta-voz da presidência, Manuel Adorni, ele chamou o venezuelano de "presidente autoritário".
A relação entre o governo de Milei e o de Maduro é tecida por ofensas. Adorni chegou a chamar os governantes chavistas de amigos do terrorismo. Por sua vez, o chanceler venezuelano, Yvan Gil, disse que o governo de Milei era "neonazista" e o acusou de ser submisso ao império, numa referência à proximidade do governo de Milei com os Estados Unidos.
O presidente argentino, que já chamou Maduro de "socialista empobrecedor" e "ditador", aposta na vitória da oposição venezuelana. Ele chegou a conceder asilo político a seis opositores, que estão há pelo menos quatro meses na embaixada da Argentina em Caracas.
Na época, a Casa Rosada emitiu uma nota demonstrando "preocupação" com o corte de fornecimento elétrico da sede diplomática. O governo argentino também advertiu o venezuelano sobre qualquer ação deliberada que coloque em risco a segurança da equipe diplomática argentina e dos venezuelanos sob proteção.
A Argentina tem 220 mil venezuelanos residentes. Desse número, 2.638 estão aptos a votar na eleição de 28 de julho, por meio da embaixada venezuelana em Buenos Aires. O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela informou que foram habilitadas cinco mesas de votação na Argentina, que vão operar das 6h às 18h no horário local.
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