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Comissão da OAB-BA quer suspensão de bloco por violência contra mulheres
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Diante da série de denúncias de assédio e violência contra as mulheres durante o desfile do bloco As Muquiranas, no Carnaval de Salvador, a Comissão de Proteção aos Direitos das Mulheres da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), seção Bahia, sugere a suspensão, por um ano, da agremiação exclusivamente masculina, criada em 1965.
Em entrevista à imprensa local, a presidente da comissão, Renata Deiró, disse que o tempo fora da festa seria útil para a entidade refletir e discutir com os associados as práticas que evidenciam a "masculinidade tóxica" —comportamento fruto da agressividade e do machismo repetido por homens, principalmente quando em grupos.
Seria divertido se fosse apenas entre eles
Não é de hoje que as mulheres que participam do Carnaval de Salvador reclamam dos excessos cometidos pelos associados do bloco As Muquiranas.
Vestidos com fantasias femininas e animados por grupos de pagode, eles desfilam pelo Centro da cidade, perturbando quem quer e quem não quer fazer parte da zombaria. É justamente nesse ponto, do desrespeito a quem não quer interagir com eles, que os abusos deixam de ser brincadeira para se tornarem agressões aos direitos das mulheres.
Além das cantadas obscenas, dos puxões de cabelo e tentativas de beijos forçados, nos últimos anos passou a fazer parte da indumentária do bloco uma grande ameaça à livre circulação das foliãs no Carnaval: armas plásticas, apelidadas pelo grupo de "pistolas do amor', que disparam jatos d'água.
Com o passar dos anos, as armas foram aumentando a capacidade de armazenamento de água e de força dos jatos. No improviso das ruas, elas são abastecidas com a água gelada dos isopores de cerveja ou de outras origens menos higiênicas.
O alvo são preferencialmente as mulheres, de todas as idades, inclusive aquelas que estão no circuito do Carnaval de passagem, a trabalho —ou que simplesmente não querem ser molhadas. Nenhuma é poupada. Ao contrário, se demonstrarem insatisfação a sanha agressiva é ainda mais estimulada.
Nas redes sociais, há muitos relatos de experiências constrangedoras de vítimas atacadas por foliões do bloco. Muitas mulheres contam que tiveram suas roupas encharcadas até que ficassem transparentes, especialmente na região dos seios, nádegas e órgão genital. A vergonha causada gerou traumas de gente que tem dificuldade de voltar à folia só de imaginar encontrar com o grupo.
Um vídeo deste ano mostra uma mulher sendo atacada, sem conseguir sair de uma roda formada pelos associados com suas pistolas ameaçadoras.
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