Biden X Bolsonaro: está em jogo o futuro da Amazônia
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
"Parem de destruir a floresta! E, se vocês não pararem, irão enfrentar consequências econômicas significativas", advertiu o candidato democrata Joe Biden, no único momento em que o Brasil foi citado durante o debate com o debochado presidente Donald Trump. Ambos concorrem à Presidência norte-americana.
Se eleito, Biden anunciou que, em cooperação com outras nações, pretende contribuir com até US$ 20 bilhões (R$ 112,6 bilhões) no combate às queimadas no Brasil.
E o que respondeu o estadista brasileiro, um aliado incondicional de Trump?
"O Brasil mudou e o presidente da República, diferentemente da esquerda, não mais aceita subornos, criminosas demarcações ou infundadas ameaças. Nossa soberania é inegociável".
Soberania para quê? Para destruir a floresta, invadir terras indígenas com garimpos e pastos, exportar madeira de áreas preservadas, passar a boiada de Ricardo Salles e transformar o país num pária mundial?
Bolsonaro voltou a invocar o mantra militar sobre "a cobiça de alguns países sobre a Amazônia", para desdenhar a oferta de ajuda a um país que não tem recursos nem políticas públicas para preservar suas riquezas naturais.
"Lamentável, Sr. Joe Biden"
"A externação por alguém que disputa o comando do seu país sinaliza claramente abrir mão da convivência cordial e profícua. Custo entender, como chefe de Estado que reabriu plenamente a sua diplomacia com os Estados Unidos, depois de décadas de governos hostis, tão desastrosa e gratuita declaração. Lamentável, Sr. Joe Biden, sob todos os aspectos, lamentável", reagiu indignado o capitão presidente nas redes sociais pelas quais governa o país e cuida das relações exteriores.
Mais uma mentira: desde a redemocratização, o Brasil, sob diferentes governos, manteve aberto o canal diplomático e teve excelente convívio com todos os presidentes americanos.
Favorito em todas as pesquisas, a um mês e pouco das eleições americanas, Biden anunciou a volta dos EUA ao Acordo de Paris, de onde foi tirado por Trump, mas Bolsonaro ainda não percebeu que a questão ambiental está no centro das discussões em todo o mundo civilizado e prefere manter o pândego Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente, que resolveu se meter na conversa.
"Só uma pergunta: a ajuda de USD 20 Bi do Biden é por ano?".
E se Trump não for reeleito?
É dessa forma infantil que o governo brasileiro pretende se relacionar com o país mais poderoso do mundo, se Trump não for reeleito?
Trump e Bolsonaro são exemplos de como um presidente pode mudar a história de um país, sim, mas para muito pior, em apenas um mandato.
Nas eleições americanas está em jogo também o futuro da Amazônia, já que se depender só do governo brasileiro, com sua política de terra arrasada no meio ambiente, não restarão árvores em pé e aldeias indígenas para contar a história.
Quem poderia imaginar que o aliado de Bolsonaro colocaria em risco a democracia americana, já avisando que não aceitará a derrota, que neste momento da corrida eleitoral parece certa?
Trump sente que está perdido em seu labirinto, vendo conspirações por toda parte, e quer ganhar no grito, vociferando mentiras.
O debate americano de terça-feira deixou claro que o que está em jogo, mais uma vez, como aconteceu nas eleições no Brasil, é o confronto entre civilização e barbárie — e o futuro da Amazônia.
Vida que segue.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.