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Russomanno segue receita do amigo Bolsonaro e passa longe de debates

Bolsonaro e Russomanno: quanto menos marola, melhor - RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Bolsonaro e Russomanno: quanto menos marola, melhor Imagem: RENATO S. CERQUEIRA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

06/10/2020 17h09

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Em operação casada, o candidato Celso Russomanno, do Republicanos, e a Record TV, ambos ligados à Igreja Universal do Reino de Deus, anunciaram na tarde desta terça-feira que desistiram dos debates marcados para o primeiro turno da eleição municipal em São Paulo.

Curioso é que os motivos alegados são diametralmente opostos.

Primeiro colocado nas pesquisas, Russomanno informou que não irá ao debate da TV Globo porque a emissora convidará apenas os quatro candidatos mais bem colocados no Ibope e no Datafolha, e ele só aceitaria se todos os partidos com pelo menos cinco deputados participassem.

A Record, por sua vez, afirmou em nota que cancelou seu debate "visando à segurança dos envolvidos e levando em conta o alto número de pleiteantes à prefeitura e assessores".

Como a Bandeirantes já promoveu o seu debate na semana passada, a Record desistiu e a Globo não abre mão do seu formato, também por uma questão de segurança durante a pandemia, Russomanno poderá não ir a nenhum, que é exatamente o seu objetivo.

Quem sugeriu a Russomanno ficar longe dos debates e das polêmicas foi o seu próprio padrinho, o presidente Bolsonaro, durante a visita que o candidato lhe fez no hospital Albert Einstein, no último sábado.

Tática deu certo com Bolsonaro

Como todos nos lembramos, foi essa a estratégia adotada por Bolsonaro na vitoriosa campanha de 2018, após a providencial facada de Juiz de Fora (MG).

Depois do fiasco no primeiro debate promovido na Bandeirantes, em que se atrapalhou e não respondeu às perguntas, Bolsonaro não foi a mais nenhum, alegando razões médicas por estar se recuperando das cirurgias.

Pelo mesmo motivo, não compareceu ao debate com Fernando Haddad na Globo, no segundo turno. No mesmo horário, concedeu uma entrevista exclusiva à Record.

Russomanno também deve se lembrar que, nas duas eleições anteriores em São Paulo, quando disparou nas pesquisas no início das campanhas, a cada novo debate foi caindo pelas tabelas, até ficar de fora do segundo turno.

Blindado pela pandemia

As razões alegadas pela Record e por seu candidato são um show de cinismo e hipocrisia, ou vice-versa. .

A pretexto de defender a participação dos candidatos nanicos, o candidato do Republicanos citou até a legislação eleitoral e não se preocupou com a aglomeração no estúdio (11 candidatos, mais dois assessores cada um, mais o pessoal da organização), o motivo alegado pela Record.

Sem ter uma facada como álibi, mas com a desculpa da pandemia, Russomanno quer se manter blindado de ataques dos adversários e fazer uma campanha em circuito fechado.

Quanto menos marola, melhor

Hoje, em seu segundo dia de campanha oficial, o candidato não saiu à rua. Só participou de "reuniões internas" e de uma live no YouTube para responder a perguntas de internautas.

Se depender dele e do seu marqueteiro Elsinho Mouco, que assessorou o ex-presidente Temer, esta deverá ser a rotina até a eleição. Quanto menos marola, melhor.

Mouco deverá contar com a ajuda de Fábio Wajngarten, secretário-executivo do Ministério das Comuniçações, que prometeu dedicar seus finais de semana à campanha de Russomanno, agora apoiada oficialmente por Jair Bolsonaro, seu grande cabo eleitoral.

Nada se cria, tudo se copia, como já ensinava mestre Chacrinha.

Vida que segue.