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Balaio do Kotscho

Covas X Boulos: na reta final, a disputa entre a segurança e a esperança

Guilherme Boulos (PSOL) e Bruno Covas (PSDB) fazem campanha civilizada em São Paulo na comparação ao vale tudo que se vê por aí - Kelly Queiroz/CNN Brasil
Guilherme Boulos (PSOL) e Bruno Covas (PSDB) fazem campanha civilizada em São Paulo na comparação ao vale tudo que se vê por aí Imagem: Kelly Queiroz/CNN Brasil

Colunista do UOL

24/11/2020 17h50

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Assisti na segunda-feira ao estranho debate do Roda Viva, em que não houve confronto entre os candidatos. Em blocos alternados, eles responderam a questionamentos da bancada.

Não houve nenhuma grande novidade, mas algumas coisas me chamaram a atenção, a começar pela postura dos dois concorrentes, o que pode levar os eleitores ainda indecisos a escolher um deles.

Para quem liderava todas as pesquisas por larga margem até a noite do debate, achei Covas muito na defensiva, jogando na retranca, sem entrar em bola dividida.

É o que se pode chamar de radical candidato de centro, um político profissional.

Falou mais do passado do que futuro, enumerando as realizações da sua gestão, como fez no horário eleitoral, e prometendo um governo de continuidade.

Covas, puro foco

Covas não pisca o olho, não mexe um músculo, fica o tempo todo impassível, qualquer que seja o assunto abordado, só esperando o tempo acabar.

O prefeito candidato à reeleição oferece experiência, segurança, respeito à lei e à ordem, para que tudo permaneça como está.

Boulos é o exato oposto de Covas. Nunca vi dois personagens com posturas e propostas tão diferentes, embora ambos sejam jovens e tenham mais ou menos a mesma idade.

Boulos, fala mansa

No papel de lutador desafiante no boxe, o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) foi direto à ofensiva, como se fosse sua última chance de reverter o resultado, até então adverso, a cinco dias da eleição.

Com molejo de sambista e chamado de radical, adotou uma fala mansa, interpretando cada palavra, para defender, sem perder o humor, seus princípios baseados na igualdade social e numa profunda mudança na administração pública baseada na participação popular.

Não por acaso, repetiu várias vezes as palavras esperança, sonho e diálogo. É com esse tripé que ele pretende chegar à prefeitura e governar a cidade, sempre acenando para o futuro. Já o tripé de Covas na campanha foi força, foco e fé.

Essas diferenças explicam por que os mais velhos preferem Covas e os jovens estão do lado de Boulos, segundo as pesquisas.

Frente ampla, um assunto para 2022

Curioso nenhum jornalista ter perguntado a Boulos sobre a formação da ampla frente de esquerda no segundo turno, com Lula e Ciro, o fato político mais importante desta campanha, que pode ter reflexos em 2022, qualquer que seja o resultado da eleição.

Até onde minha vista alcança, esta campanha em São Paulo foi a mais civilizada das últimas temporadas, ao contrário do que estamos vendo em outras capitais do país.

Agora falta só o debate da Globo, na sexta-feira, que este ano poderá ser decisivo para o resultado final, com as curvas da "boca do jacaré" se fechando na reta final

Vida que segue.