Carla Araújo

Carla Araújo

Reportagem

Dino sai da Justiça até sexta e defende Cappelli para chefiar ministério

O ministro Flávio Dino deixará oficialmente o comando da pasta da Justiça nos próximos dias. Segundo apurou a coluna, Dino avisou a Lula que sairá até sexta (12). Depois disso, ele deve ficar alguns dias "usufruindo" do seu mandato de senador até assumir a cadeira de ministro do STF no dia 22 de fevereiro.

Por isso, o presidente Lula já disse a aliados que pretende anunciar nesta semana o substituto de Dino.

A preferência de Lula, segundo alguns auxiliares, seria pelo ex-ministro do STF, Ricardo Lewandowski. Ontem, os dois tiveram uma conversa "muito positiva", segundo fontes. Porém, o martelo ainda não teria sido batido.

Enquanto Lewandowski e Lula não se acertam, o atual ministro da Justiça tem deixado claro a pessoas próximas que gostaria que o seu secretário-executivo, Ricardo Cappelli, assumisse a função.

Cappelli está atualmente no cargo, de forma interina, e tem usado o palanque da pasta para se cacifar para o cargo.

O argumento que tem sido dado por Dino nos bastidores é que a escolha de Cappelli não interromperia o trabalho na Segurança, que está "encaixado". A atuação de Cappelli como interventor após os ataques golpistas de 8 de janeiro também tem sido destacada por Dino nas conversas.

A efeméride de 8 de janeiro, com materiais em vídeo em documentários e reportagens, por exemplo, deu um impulso ao nome de Cappelli. Ao rememorar a escolha do auxiliar para assumir a intervenção, Dino demonstra sua confiança no subordinado. De sua parte, Cappelli exalta sua atuação.

Apesar da torcida por Cappelli, Dino garante a aliados que não tem tratado do tema diretamente com o presidente Lula.

Sem mudanças na PF

Cappelli também tem o apoio do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, que deve permanecer no cargo independentemente da troca no comando. Auxiliares de Lula dizem que o diretor-geral da PF tem feito um trabalho bem avaliado pelo presidente e conta com sua confiança.

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Ontem, em entrevista exclusiva ao UOL, Andrei se esquivou de declarar apoio público a Cappelli e disse apenas que é uma decisão que "cabe ao presidente Lula". "Não poderia aqui manifestar a minha opinião".

Andrei disse ainda que é defensor da ideia de que o ministério continue cuidando das áreas de Justiça e Segurança e que não haja divisão, como defendem outros auxiliares de Lula.

Sou defensor da unidade do Ministério da Justiça. Acho que o ministério precisa ser uno, precisa ser forte, precisa ter investimento, precisa ter estrutura, precisa ter recursos, para que faça essa interlocução com o Poder Judiciário, com o Ministério Público, com as polícias, com as secretarias de seguranças dos estados, integração das polícias federais com polícias estaduais, com as varas municipais. Portanto, advogo por um ministério uno e forte.
Andrei Passos Rodrigues, diretor-geral da PF, em entrevista ao UOL

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