Carlos Madeiro

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Maceió declara emergência por colapso iminente de mina e risco de cratera

A Defesa Civil de Maceió enviou mensagem por SMS e por WhatsApp hoje aos moradores da capital alagoana informando que uma das minas de salgema explorada pela Braskem está em "risco iminente de colapso" e pedindo que as pessoas não vão às proximidades da área.

Caso o colapso ocorra, uma cratera gigante se abrirá na superfície em uma área desabitada do bairro do Mutange. No início da noite, o prefeito João Henrique Caldas (PL) anunciou o decreto de situação de emergência no município.

A mensagem da prefeitura foi enviada por volta das 13h30 e, segundo o órgão, a situação foi agravada após os tremores de terra que moradores de áreas próximas sentiram nos últimos dias.

Os últimos sismos ocorridos se intensificaram e houve um agravamento do quadro na região já desocupada, próximo ao antigo campo do CSA. Estudos mostram que há risco iminente de colapso em uma das minas monitoradas. Por precaução e cuidado com as pessoas, reforçamos, mais uma vez, a recomendação de que embarcações e a população evitem transitar na região até nova atualização do órgão.
Nota da Defesa Civil de Maceió

SMS enviado pela prefeitura de Maceió
SMS enviado pela prefeitura de Maceió Imagem: Reprodução

Medo

O alerta gerou medo a moradores que ainda moram vizinho ao bairro, como na região dos Flexais, área ainda habitada e próxima ao Mutange.

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Isso abalou demais o emocional das pessoas. A gente vem dizendo há algum tempo que ali é uma área afetada pelo isolamento social e socioeconômico, mas também --e principalmente-- pelo afundamento do solo. Nós lá temos casas com os mesmos problemas. Os moradores estão apreensivos muito porque sabem do risco que nós estamos correndo.
Maurício Sarmento, morador do Flexal de Baixo

A área afetada fica às margens da lagoa Mundaú. O UOL foi até o ponto mais próximo ao bairro do Mutange e viu novos pontos de bloqueios montados pela prefeitura para evitar que pessoas transitem na região.

Rua fechada que dá acesso ao bairro do Mutange, em Maceió
Rua fechada que dá acesso ao bairro do Mutange, em Maceió Imagem: Carlos Madeiro

Por conta dos tremores, os trabalhadores que atuam no monitoramento e no tamponamento das minas abertas já foram retirados da região onde a mina pode colapsar.

O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), anunciou a criação de um gabinete de crise para acompanhar a situação.

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A prefeitura também comunicou o problema e pediu apoio da Defesa Civil Nacional e ao Serviço Brasileiro Geológico, que vão auxiliar o município.

Por conta do problema, o evento em homenagem ao dia do evangélico, que ocorreria nesta quarta e quinta-feira será remarcado. "todos os esforços e recursos para dar assistência à população", diz em nota.

A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil convocou todos os órgãos que fazem parte do sistema de defesa civil para uma reunião às 17h para discutir ações por conta do risco iminente de colapso da mina.

O MPF (Ministério Público Federal) em Alagoas também divulgou nota orientando que ninguém trafegue nas proximidades e ou entre na lagoa Mundaú.

O MPF segue acompanhando a situação com a adoção das medidas necessárias e pertinentes perante o poder público e a Braskem.

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A Braskem informou que "acompanha de forma ininterrupta os dados de monitoramento, que são compartilhados em tempo real com a Defesa Civil Municipal."

Em decorrência do registro de microssismos e movimentações de solo atípicas pelo sistema de monitoramento, paralisou suas atividades na Área de Resguardo. Tais registros estão concentrados em um local específico, dentro das áreas de serviço da companhia, nas proximidades da Av. Major Cícero de Goes Monteiro. A área, que já estava com algumas atividades paralisadas para evitar interferência na coleta de dados, foi isolada preventivamente e em cumprimento às ações definidas nos protocolos da companhia e da Defesa Civil. Essa é uma medida preventiva enquanto se aprofunda a compreensão da ocorrência.
Nota da Braskem

O que ocasionou o problema

A extração de salgema do subsolo de Maceió gerou problemas de instabilidade de solo e afundamento de cinco bairros, que foram ou estão sendo total ou parcialmente desocupados.

As minas de extração de poços gigantes que, após a extração do minério, foram tamponadas com um líquido. Entretanto, ao longo dos anos, esse líquido vazou e cavernas subterrâneas começaram a ser formadas, com vários desabamentos. Os tremores sentidos seriam justamente a acomodação do solo diante desses desabamentos subterrâneos.

Desde março de 2018, quando um tremor foi sentido e rachou casas e prédios, 60 mil moradores já deixaram a área. A Braskem, responsável pelo problema, passou a indenizar os moradores.

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Casa é demolida no bairro do Mutange, bairro de Maceió onde o solo sofreu afundamento após mineração iniciada nos anos 1970
Casa é demolida no bairro do Mutange, bairro de Maceió onde o solo sofreu afundamento após mineração iniciada nos anos 1970 Imagem: Divulgação

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