Barco saiu da África com 25 pessoas, que devem ter morrido de fome, diz PF
Ao menos 25 pessoas estiveram no barco que foi encontrado à deriva na região de Bragança (PA), no último sábado (13), e todos devem ter morrido de fome e sede no oceano.
As informações foram repassadas hoje pela PF (Polícia Federal), que investiga o caso. Desses corpos, nove chegaram ao Pará e estão sendo periciados em Belém.
O número de ocupantes do barco foi definido pela perícia da PF com base na quantidade de capas de chuva —verdes e amarelas— encontradas na embarcação. A hipótese é que as demais pessoas tenham sido jogadas no mar conforme foram morrendo.
O trabalho minucioso de perícia começou hoje e se estenderá até o próximo fim de semana, e ali vai ser identificada a causa das mortes. Provavelmente, foi por falta de alimento e de água.
José Roberto Peres, superintendente da Polícia Federal no Pará
Investigadores já sabem também, pelos documentos encontrados, que a embarcação partiu da Mauritânia em algum momento depois de 17 de janeiro deste ano, porque há registros de que o barco ainda estava no país do noroeste africano nessa data.
Segundo Peres, esse é o segundo caso de barco que chega da Mauritânia: em 2021, uma embarcação com três corpos apareceu no litoral cearense. "Mas, no Pará, não encontramos ocorrências assim."
Pelos documentos, os investigadores concluíram que também havia pessoas do Mali, país vizinho. Não está descartada a possibilidade de que algumas sejam de outras nacionalidades.
O trabalho da perícia nos corpos ocorre em Belém, enquanto que o barco e objetos são periciados em Bragança.
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Quero receberA operação de busca e resgate do barco terminou por volta das 23h30 do domingo, quando a embarcação foi deixada no porto de Vila do Castelo, em Bragança. O barco foi encontrado a cerca de 20 km dali. A operação durou cerca de 16 horas.
Segundo a Marinha, o barco tinha dois acessos, um porão (onde também havia corpos) e não aparentava ter avarias no casco — o que praticamente descarta que ele tenha sofrido algum afundamento.
Em vídeo, os pescadores que encontraram a embarcação disseram que os corpos estavam nus e em estado avançado de decomposição.
O MPF (Ministério Público Federal) no Pará também abriu investigação nas áreas criminal e cível. O órgão vai avaliar se foi cometido algum crime, para eventual responsabilização penal dos autores.
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