TJ-PB manda cidade reduzir gastos de São João com famosos e melhorar Saúde
A desembargadora Maria das Graças Morais Guedes, do TJ-PB (Tribunal de Justiça da Paraíba), determinou que a Prefeitura de Santa Rita, na Grande João Pessoa, reduza em R$ 5,3 milhões o orçamento previsto para a festa de São João, marcada para começar na noite desta quarta-feira (12). Cabe recurso contra a decisão.
Em ano eleitoral, a prefeitura contratou 65 shows, entre eles nomes nacionais famosos como Bell Marques, Gusttavo Lima, João Gomes, Wesley Safadão e Elba Ramalho. A festa vai até o dia 7 de julho.
Os gastos estimados para o São João eram de R$ 13,8 milhões, mas a ordem determina reduzir ao valor investido no ano passado: R$ 8,5 milhões.
Em caso de descumprimento, a desembargadora estipulou uma multa de R$ 100 mil por dia ao prefeito Emerson Panta (Progressistas).
A decisão foi tomada na noite desta terça-feira, quando a desembargadora julgou ação civil pública do Ministério Público da Paraíba e mudou o entedimento da 5ª Vara Mista da Comarca de Santa Rita, que havia negado o pedido de tutela de urgência da Promotoria.
Na decisão, ela argumenta que, apesar de o município alegar ter superávit, "não quer dizer que os serviços essenciais estejam sendo contemplados."
Sobre esse ponto sensível, ou que deveria ser sob a ótica de um bom gestor, na área da Saúde, o relatório de acompanhamento detalha a apresentação dos dados da Auditoria aponta baixo índice de conformidade das Unidades de Saúde inspecionadas, que coloca Santa Rita no último lugar no ranqueamento [do estado].
Maria das Graças Morais Guedes, desembargadora
Para ela, existe uma "necessidade de priorização dos gastos em áreas sensíveis (Saúde e Educação), bem como para dos valores acima apontados como devidos ao Regime Geral da Previdência Social.".
A decisão cita que somente o cachê do cantor Gusttavo Lima foi de R$ 1,1 milhão, fora do padrão para uma cidade com 150 mil habitantes. A desembargadora ainda cita que a prefeitura pagou 50% do valor antecipado, "sem a fixação de qualquer garantia contratual, contrariando inclusive a recomendação nesse sentido da assessoria jurídica da própria prefeitura."
Outro questionamento que a desembargadora faz na sentença é que a prefeitura não fez um estudo de custo-benefício para um evento desse porte. "Não se demonstrou justificativa detalhada dos critérios técnicos e objetivos para a escolha de cada prestador", diz.
A coluna procurou a prefeitura, mas não obteve resposta. Em sua defesa na Justiça, a administração municipal alegou que as cotas de patrocínio vão arrecadar R$ 500 mil — o que foi considerado "pouco expressivo" pela desembargadora — e cobrança de 3.000 ingressos por dia para as áreas VIP, podendo render aos cofres públicos cerca de R$ 1,5 milhão. "Trata-se de mera hipótese, desamparada de método de dado concreto", disse a desembargadora.
O que mais diz a desembargadora
Deve-se considerar que as grandes atrações, aquelas de reconhecimento nacional, não trarão efeitos para Santa Rita e, quando muito, para João Pessoa, a capital, que dispõe de rede hoteleira adequada.
O sacrifício de áreas sensíveis e essenciais, por si só, já seria suficiente para se optar, no mínimo, por um evento modesto ou, ao menos, privilegiando apenas profissionais da região e que não ostentam grandes cachês.
Maria das Graças Morais Guedes
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Quero receberFestas de Santa Rita aumentaram de valor nos úlitmos anos
- 2022 - R$ 4.544.560
- 2023 - R$ 8.509.950
- 2024 - R$ 13.852.000
Frise-se que o gasto no ano passado já se poderia considerar mais que exorbitante, na medida em que o Município de Santa Rita já apresentava deficiência nas áreas essenciais sensíveis.
Maria das Graças Morais Guedes, desembargadora
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