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Carlos Madeiro

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Reportagem

Jogo do Tigrinho dava a influencers conta viciada em ganhar, revelam prints

Prints de conversas por WhatsApp mostram que influenciadores que faziam propaganda para o Jogo do Tigrinho e similares recebiam uma conta diferenciada dos demais usuários das plataformas, que dava acesso a uma aposta que era viciada em ganhar, segundo a polícia.

As conversas foram interceptadas, após autorização judicial, pela Polícia Civil de Alagoas, que investiga um suposto esquema de fraude que envolvia influenciadores, agenciadores e intermediárias.

As investigações culminaram na Operação Game Over, deflagrada na segunda-feira, que mirou 12 alvos e pediu apreensão no valor de R$ 38 milhões —montante movimentado desde outubro de 2023, quando a apuração teve início. Os mandados foram expedidos pela 17ª Vara Criminal. Carros de luxo, lancha e dinheiro foram apreendidos.

Carros de luxo apreendidos na operação Game Over, em Alagoas
Carros de luxo apreendidos na operação Game Over, em Alagoas Imagem: Polícia Civil de Alagoas/Divulgação

Tudo armado

A coluna teve acesso a alguns desses prints que fazem parte do inquérito policial. Eles mostram que, ao fecharem o negócio, os influenciadores eram informados de que receberiam dois links.

"Essa é uma conta demo com mil moedas de ouro", diz um intermediador, ao informar um dos influencers sobre como ele deveria acessar.

Na prática, os influencers recebiam um link para uma conta de demonstração, chamada "demo", que era programada de forma diferente para sempre ganhar. Para o usuário normal, o link era outro, o da plataforma normal, em que sempre havia perdas.

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Imagem: Reprodução
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A polícia também descobriu pelas conversas que os influencers sabiam que no primeiro jogo que fizessem iriam ganhar o superprêmio. A ideia era fazer com que os seguidores se empolgassem com a ideia de jogar também.

Para a polícia, os influenciadores estariam enganando seus seguidores.

Os próprios advogados deles faziam lives falando sobre isso, dizendo que não podem divulgar essa conta demo, que ela é proibida. Então, você está enganando os seus seguidores.
Lucimério Campos, delegado de Estelionatos de Maceió

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Além disso, as conversas mostram que os influencers ainda ganhavam comissão conforme conseguiam captar clientes para as plataformas. Isso, para o delegado, é uma prática criminosa.

Você não pode ganhar dinheiro em cima de quem está apostando porque você está lucrando em cima de quem está perdendo. Quando você estimula e fecha contrato com comissão, você está estimulando e ganhando em cima daquele dinheiro que está sendo deixado na plataforma.
Lucimério Campos

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Também nas conversas, a polícia identificou vários depósitos feitos nas contas dos influencers.

Em um desses diálogos, um dos agenciadores pede para um intermediário de contato do influencer informe que ele receberá o pagamento "de 3 a 5 minutos "após a publicação da promoção".

Os intermediadores, pelo que a polícia apurou, trabalhava para várias plataformas ao mesmo tempo.

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Reprodução Imagem: Reprpdução

Entenda mais

Segundo o delegado, as investigações apontaram para um esquema sofisticado para lesar pessoas que acreditavam na veracidade desses jogos.

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A polícia montou um quebra-cabeça, que a levou a descobrir um golpe executado em sete fases, que começam com a captação de intermediadores pelas plataformas internacionais no Brasil até a ostentação dos influenciadores contratados com dinheiro dos "prêmios".

Eles tinham ganhos altos porque estamos falando de pessoas com engajamento alto, com mais de 1 milhão de seguidores. Então, quando ele coloca o link, o potencial de retorno é muito grande, dava um lucro vertiginoso.
Lucimério Campos

Para o delegado, mais do que desbaratar uma organização, a operação tem um caráter didático. "A gente não quer só a despatrimonialização dos envolvidos, mas deixar um recado de um órgão confiável, como a polícia", destacou.

Os investigados estão sendo indiciados por estelionato, contravenção de jogo de azar, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Como os nomes dos investigados e das plataformas não foram divulgados, o UOL não teve como localizar as defesas. O espaço segue aberto para manifestação.

Reportagem

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