Conteúdo publicado há 4 meses
Carlos Madeiro

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Reportagem

PCC usava grupo de WhatsApp com membros de SP para combinar crimes no Ceará

Um grupo de WhatsApp criado para dinamizar a comunicação e a ação do PCC na região do Cariri, no Ceará, foi descoberto pela polícia. As mensagens para combinar crimes na região se tornaram prova contra membros da facção.

O grupo tinha quatro números com DDD 11, o que sugere que havia uma comunicação da liderança paulista com membros no interior cearense.

As promotorias de Combate ao Crime Organizado do MP-CE (Ministério Público do Ceará) denunciaram 26 pessoas —o grupo tinha 28 integrantes. As investigações foram realizadas em 2023, quando o grupo passou a responder pelos crimes de organização criminosa armada e tráfico de drogas.

O MP-CE já apresentou alegações finais no processo, e a Justiça aguarda apenas a defesa dos réus se manifestar nessa fase para proferir sentença.

Além dos crimes denunciados, as informações do grupo ajudaram a revelar que outros ilícitos, como homicídios, roubos, tráfico de armas, sequestro, extorsão, corrupção, dano e até incêndio —mas que não fazem parte dessa denúncia.

A descoberta do grupo

A polícia chegou ao grupo após a prisão de um homem conhecido como Cicinho Capeta, que atuava em Juazeiro do Norte. Com ele, foi apreendido um celular, que estava conectado a esse grupo.

A partir dos números e das mensagens, a polícia conseguiu identificar outros membros da facção, que resultaram em provas da atividade criminosa do PCC na região do Cariri.

De acordo com a denúncia, o aplicativo servia como uma ferramenta central para coordenar as operações. A análise do grupo, diz a denúncia, forneceu uma "visão detalhada" do funcionamento interno do PCC.

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No decorrer da análise das mensagens, observou-se que alguns integrantes deixavam o grupo sob a justificativa de "segurança". Entretanto, restou evidente a integração na facção criminosa. A imagem abaixo colacionada, atine ao grupo de membros da facção criminosa PCC na região do Cariri.
Denúncia do MP-CE

Print de grupo
Print de grupo Imagem: Reprodução

As mensagens no grupo faziam referência a pelo menos quatro pontos:

Gestão e estrutura da organização

  • Os membros usavam o grupo para discutir o "estatuto" do PCC, o "livro de caixinha" (referente a contribuições mensais) e as "disciplinas" (líderes de áreas específicas).

Hierarquia e divisão territorial:

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  • As conversas revelavam a hierarquia interna do grupo, com menções a cargos como "STF" (Sintonia Final) e "STG" (Sintonia Geral), além de identificar as áreas de atuação de cada membro, divididas em "quebradas". Essa estrutura sugere uma organização similar a de empresas, com níveis de liderança e responsabilidades territoriais.

Segurança e discrição:

  • Alguns integrantes saíam do grupo por "segurança", indicando a preocupação com a vigilância policial e a tentativa de dificultar investigações.

Compartilhamento de informações:

  • O grupo era usado para compartilhar informações sobre as operações do PCC na região. Membros relatavam a situação em suas "quebradas" e informavam sobre "alterações", sugerindo um sistema de comunicação para atualização e tomada de decisões.

Destarte, as investigações evidenciam que [dois deles] atuam no meio criminoso ao integrarem a organização criminosa armada PCC (...) e aparentam exercer certa liderança nacional, haja vista integrarem grupos no WhatsApp de outros estados, como Amazonas, Rio Grande do Norte e Bahia.
Denúncia do MP-CE

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