Brasil fecha agosto com maior número de focos de incêndio em 14 anos
O Brasil registrou 68 mil focos de calor no mês de agosto, segundo dados do Programa de Queimadas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). É o maior número desde agosto de 2010. E 145% a mais que no mesmo mês no ano passado.
Focos de calor no mês de agosto (2010-2024):
- 2010: 90.444
- 2011: 23.881
- 2012: 50.926
- 2013: 21.410
- 2014: 40.845
- 2015: 37.883
- 2016: 39.088
- 2017: 37.380
- 2018: 22.774
- 2019: 51.935
- 2020: 50.694
- 2021: 51.711
- 2022: 47.507
- 2023: 28.056
- 2024: 68.635
O mês de agosto foi marcado por vários momentos em que a fumaça das queimadas chegou a grandes cidades brasileiras. Em São Paulo, agosto teve o maior número de queimadas de sua história, com um incrível pico de mais de 2,6 mil focos em apenas três dias (entre 22 e 24).
A PF (Polícia Federal) está investigando, em 33 inquéritos, as queimadas em todo o país. Estima-se que cerca de 99% delas sejam provocadas pelo homem. Há suspeita de fogo colocado de criminosa.
Entre os biomas, a Amazônia lidera o ranking de focos, também com maior número desde 2010. Com exceção de Caatinga e Pampa, todos os biomas tiveram fogo acima da média histórica para o mês de agosto.
Focos de calor no mês de agosto, por bioma:
- Amazônia: 38.266
- Cerrado: 18.620
- Mata Atlântica: 6.033
- Pantanal: 4.411
- Caatinga: 1.207
- Pampa: 98
O estado que mais registrou focos em agosto foi Mato Grosso. Somado com Pará e Amazonas, os três estados representam mais da metade das queimadas do país no mês passado (38.748 incêndios).
Queimadas por estado (agosto):
- MT: 14.617
- PA: 13.803
- AM: 10.328
- MS: 4.648
- RO: 4.522
Seca piora situação
As queimadas ocorreram em um momento em que o país enfrenta, de forma quase generalizada, a maior seca desde 1982, segundo dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). Isso ajuda a proliferar o fogo.
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Quero receberO Cerrado, o Pantanal e a Amazônia são os biomas mais castigados pela falta de chuvas nos últimos 12 meses, .
2024 atípico e mudanças climáticas
Sâmia Garcia, climatologista e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), explica que os meses de inverno na região Sudeste são caracterizados por baixa precipitação.
Entretanto, fatores vistos este ano fizeram o período de seca ser diferente. "Observou-se que o outono e o inverno foram excepcionalmente mais quentes, com ondas de calor significativas", explica.
A combinação de precipitação reduzida e temperaturas elevadas pode resultar em secas e queimadas, como tem sido notado recentemente.
Sâmia Garcia
Para ela, esse fenômeno está relacionado às mudanças climáticas, que favorecem a ocorrência de fenômenos com maior intensidade.
O IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas] tem alertado há algum tempo que o aumento da temperatura global pode levar a uma maior frequência de eventos climáticos extremos. Dessa forma, as mudanças climáticas estão criando condições que podem tornar as secas mais frequentes, severas e duradouras.
Sâmia Garcia
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