Líder do CV que seria ligado a filha de prefeito é transferido da Paraíba
Um dos líderes do CV (Comando Vermelho) na Paraíba, Jossiênio Silva dos Santos, 42, foi transferido na madrugada desta quinta-feira (19) da Penitenciária de Segurança Máxima Doutor Romeu Gonçalves de Abrantes, em João Pessoa, para o presídio federal de Mossoró (RN). Ele está detido desde maio.
A informação foi repassada por fontes da segurança pública e confirmada pelo advogado do preso.
Como revelou hoje a coluna, Ênio Chinês, como é conhecido, trocou mensagens com um número de telefone atribuído a Janine Lucena, secretária de Saúde de João Pessoa e filha do prefeito, Cícero Lucena (PP). Na conversa, ele negocia cargos em troca de liberação de acessos em comunidades que ele domina.
Janine nega ter conversado com Ênio e fala em possibilidade de armação.
O diálogo ocorreu em julho de 2022, quando Ênio Chinês era um dos líderes da facção criminosa Nova Okaida, considerada a mais forte da Paraíba.
Ele deixou o grupo recentemente após alegar ter sido traído por um de seus superiores, passando a fazer parte do CV. Ele é apontado como um dos fornecedores de armas à facção.
A transferência de Ênio não tem relação com o processo que investiga sua suposta relação com membros da prefeitura, que está sendo apurada na operação Mandare.
'Alta periculosidade'
Ênio é suspeito de crimes na Paraíba e é citado pelas autoridades em sua ficha como um homem de "alta periculosidade." A PF suspeita que ele seja hoje um dos conselheiros do CV na Paraíba.
Segundo apurou o UOL, com base em documentos sigilosos da operação Renita, Ênio é apontado como financiador de ataques da facção, especialmente fornecendo "soldados" para as ações.
Em operação em 19 de junho, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado do Ministério Público da Paraíba) e a Polícia Civil deflagraram a operação para "reprimir organização criminosa voltada para a prática de tráfico de drogas e de armas de fogo, homicídios e lavagem de dinheiro, em quatro cidades: Bayeux, Santa Rita, João Pessoa e Cabedelo."
A transferência de Ênio foi feita com base nas investigações dessa operação, segundo apurou o UOL, que teriam apontado sua forte influência na organização do CV. Além dele, mais seis presos teriam sido levados para Mossoró, todos investigados nessa operação.
Nas conversas interceptadas pela investigação da PF, os termos "filho" ou "menino" de Ênio são citados com frequência, e são relacionados inclusive ao assassinato de um jovem de 17 anos em Cabedelo (PB). Esses termos se referem, provavelmente, a pessoas ligadas a ele.
O advogado de Ênio, Joallyson Guedes Resende, foi acionado pela reportagem, mas informou que ainda não tinha detalhes sobre o motivo da transferência.
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Quero receberA Secretaria de Estado da Administração Penitenciária também foi procurada, mas não se manifestou.
A assessoria do Ministério Público da Paraíba também foi acionada, mas não soube informar se foi o órgão quem fez o pedido.
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