Carlos Madeiro

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Reportagem

Candidata em Maceió recebe ameaça de estupro e pede investigação da PF

Na noite desta quinta-feira (19), quando a candidata a vereadora de Maceió Alycia Oliveira (PT) chegou em casa, percebeu que tinha recebido dois emails com os seguintes assuntos: "eu vou te estuprar" e "eu vou te matar".

No corpo das mensagens, o autor fazia vários tipos de ameaças, usando termos racistas e machistas. Para sua surpresa, também informou dados pessoais dela, como nome completo e um endereço antigo em que Alycia morava.

A candidata procurou ajuda de advogados e, nesta sexta-feira (20), levou o caso até a PF (Polícia Federal) de Alagoas, que abriu um inquérito para tentar chegar ao autor das mensagens.

Racismo e violência

A coluna teve acesso aos conteúdos dos emails, que foram enviados às 22h51 e 22h55 da quinta. A pessoa trata Alycia com termos racistas, como "macaca", e diz que vai arrumar uma pistola para matá-la e depois se matar.

Por conta da violência extrema das mensagens, o UOL optou por não dar detalhes sobre demais termos e palavras usadas.

"Eu nunca tinha tido contato anterior dessa pessoa, e nós não temos suspeita nenhuma de quem possa ter sido o autor", diz Alycia.

Ela afirma que, apesar de o email ter a identificação de um nome, ela acredita ser um dado falso para esconder a identidade real do agressor. "A pessoa, que é uma covarde, se esconde atrás dessas ferramentas da internet, mas a denúncia está com a Polícia Federal", pontua.

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Alycya (ao centro) e os advogados que a defendem na porta da PF em Maceió
Alycya (ao centro) e os advogados que a defendem na porta da PF em Maceió Imagem: Arquivo pessoal

Ela conta que viu os emails logo após chegar em casa de uma panfletagem que fez em um shopping no maior bairro de Maceió, no Benedito Bentes. "Eu estava com a minha namorada mexendo no celular, e foi ela quem viu", diz.

Na hora eu não entendi muito bem o que estava acontecendo, ela me perguntou o que era aquilo; eu abri o email e imediatamente pensei que isso estivesse relacionado a algum tipo de ataque de algum grupo extremista.
Alycia Oliveira

A primeira reação após ler foi tentar tranquilizar a companheira, que ficou abalada com o conteúdo violento e intimidador das mensagens.

Após isso, ela entrou em contato com advogados e colegas do coletivo da bancada negra para tomar as ações cabíveis. "A gente precisa, nesse momento, que as instituições sejam ágeis em encontrar o autor da ameaça", relata.

Alycia é professora de geografia e também ativista política de esquerda. Ela conta que sempre que publica vídeos com críticas a ideologias como o bolsonarismo, o fanatismo religioso ou a extrema-direita recebe ataques nas redes sociais, seja por mensagens, seja por direct.

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Em todos os vídeos que nós temos com o presidente Lula, ou com algum tipo de posicionamento político, ou em relação a ações de vereadores locais que representam o bolsonarismo, há algum tipo de retaliação, de hostilidade.
Alycia Oliveira

Apesar disso, ela conta que nunca chegou a receber mensagens desse tipo, com ameaças tão violentas como as de quinta-feira, e prefere não atribuir o fato a qualquer grupo de ideologia contrária.

"Eu não posso afirmar, obviamente, que esses emails partiram dessas pessoas. A gente espera que a investigação seja feita e a identificação também possa ocorrer", finaliza.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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