Carolina Brígido

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Convidados de última hora e salgadinhos: como era a posse no STF há 34 anos

O aumento da relevância do STF no cenário nacional nas últimas décadas pode ser medido pela mudança no estilo das posses dos ministros. Cristiano Zanin será homenageado nesta quinta-feira (3) com uma festa para 400 pessoas em um salão de festas luxuoso de Brasília. Em 1989, Paulo Brossard tomava posse como ministro da Corte com uma festa improvisada no apartamento onde morava.

Em entrevista à coluna, Magda Brossard, filha do ministro aposentado, que morreu em 2015, contou que havia cerca de cem pessoas no apartamento funcional onde o pai morava, em Brasília. Como acontece hoje, primeiro o ministro tomava posse em uma cerimônia formal no STF. Em seguida, havia a festa.

"Nada era muito pensado, as posses eram mais simples", conta Magda. Ela lembra que, para a cerimônia no STF, a toga do pai não ficou pronta a tempo. O ministro Leitão de Abreu ofereceu a dele emprestada. Brossard usou a toga do colega não apenas no dia da posse, mas por um bom tempo, até que dele chegasse do Rio de Janeiro, onde ficava a confecção responsável por prestar serviço para o STF.

No caso de Brossard, não se sabia previamente quantos seriam os convidados da festa. Magda conta que, durante a cerimônia do STF, a família encontrava as pessoas e convidava para ir depois ao apartamento. Lucia tinha encomendado salgadinhos e petiscos. Não foi servido jantar. "Tudo sem a menor afetação", conta.

Magda e o marido levaram de avião de Porto Alegre até Brasília 600 doces portugueses no colo. "Não tinha como despachar, então eu e meu marido levamos. Pedimos caixas em uma fábrica de camisas para colocar tudo", lembra.

Mexendo nas coisas do pai, Magda encontrou um filme que foi gravado da festa.

Era tudo meio improvisado, informal, com mesinhas alugadas. Foram amigos do meu pai de Porto Alegra, ministros do STF, o pessoal de São Paulo, o prefeito de Bagé, cidade do meu pai, a família, as secretarias que trabalharam com ele no Ministério da Justiça"
Magda Brossard, sobre a festa para posse do pai. Paulo Brossard, em 1989

Segundo ela, os convidados estavam animados, a mãe recebia as esposas dos ministros do STF sentada no sofá. No grupo, estava também o então presidente, José Sarney, e a esposa, Marly. Não tocou música no evento. "Minha mãe era corajosa. Ela estava se divertindo, nem um pouco aflita, ela entrava no espírito da coisa", diz.

Os garçons contratados serviram refrigerante, vinho e uísque. O serviço era coordenado por Jesus, motorista que atendia Magda e que depois passou a trabalhar na casa dos pais dela. Depois que tomou posse no STF, o funcionário trabalhou como motorista de Brossard.

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Nas últimas duas décadas, as posses do STF ficaram mais disputadas. A festa de hoje para comemorar a chegada de Zanin à Corte é organizada pela AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros), como costuma acontecer em outras posses de ministros do tribunal. Os convidados precisam comprar ingresso, que custa R$ 500.

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