Posse de Gonet deve pacificar relação conturbada entre PGR e STF
A posse de Paulo Gustavo Gonet Branco como procurador-geral da República, agendada para esta segunda-feira (18), deve colocar um ponto final na era de atritos entre a chefia do Ministério Público Federal e o STF (Supremo Tribunal Federal).
As divergências na condução de investigações, observadas nos últimos anos entre os dois órgãos, tendem a dar espaço para uma relação mais harmônica, apostam integrantes do Judiciário e da PGR (Procuradoria-Geral da República).
Gonet chega ao cargo ungido pelos ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, dois dos principais interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Moraes é o relator dos processos mais polêmicos em tramitação no tribunal - entre eles, as ações penais sobre o 8 de Janeiro, o inquérito das fake news e inquéritos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nas gestões anteriores da PGR, houve impasse na tramitação de algumas investigações. Em relação a Bolsonaro, por exemplo, o antecessor de Gonet, Augusto Aras, não apresentou denúncia ao STF. A expectativa do tribunal em torno de Gonet é que ele acuse Bolsonaro formalmente por ter participado dos atos golpistas de 8 de janeiro.
Em outras frentes, o novo procurador-geral ditará o rumo de investigações sobre doações via Pix feitas a Bolsonaro sobre a suposta fraude no cartão de vacinação do ex-presidente e sobre as tentativas de comercialização das joias dadas pela Arábia Saudita.
Os processos decorrentes do 8 de janeiro estão sob a tutela do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, coordenado pelo subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos. A equipe recebeu recentemente elogio público de Alexandre de Moraes. Dentro da PGR, a expectativa é que Santos seja mantido no posto.
Gonet também ficará responsável pela investigação que tramita do STF sobre o ministro das Comunicações de Lula, Juscelino Filho. O titular da pasta é investigado em um suposto esquema de desvio de dinheiro da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).
O procurador ocupará o cargo por dois anos. A depender do desempenho, Lula poderá reconduzi-lo ao posto pelo mesmo período.
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