Carolina Brígido

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Caso Marielle, Cid e Robinho: prisões do fim de semana mudam imagem do STF

Depois de determinar três prisões polêmicas em um intervalo de quatro dias, o STF (Supremo Tribunal Federal) foi assunto principal das redes sociais. Os xingamentos e ataques sofridos sistematicamente nos últimos anos diminuíram na última semana, segundo dados coletados pela instituição Democracia em Xeque.

A explicação foi uma série de decisões tomadas em consonância com o clamor público. Na quinta-feira (21), o ministro Luiz Fux negou habeas corpus a Robinho e abriu o caminho para que o ex-jogador fosse preso. Ele foi condenado por estupro na Itália e teve a pena validada para cumprimento no Brasil.

Na sexta-feira (22), o ministro Alexandre de Moraes ordenou a prisão de Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, por obstrução de Justiça. Segundo o ministro, Cid descumpriu o dever de manter sigilo sobre a delação premiada que assinou.

No domingo (24), Moraes determinou a prisão de três suspeitos de mandarem matar a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco: o deputado federal Chiquinho Brazão; o irmão dele, Domingos Brazão, conselheiro do TCE (Tribunal de Contas Estadual) do Rio; e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio.

Dados da Democracia em Xeque mostram que, na semana de 15 a 22 de março, os principais destaques nas redes sociais foram o avanço nas investigações do assassinato de Marielle Franco e a revelação da fraude envolvendo o cartão de vacina de Bolsonaro, que veio à tona por meio da delação de Mauro Cid.

Nessa esteira, foram registrados maiores volumes de menções ao STF, com 1.700 postagens a mais do que o período anterior. Alexandre de Moraes foi mencionado 877 vezes, a palavra "fraude" estava em 413 posts e Judiciário, em 170.

Na semana de 9 a 14 de março, o assunto analisado era a modesta comitiva que esteve presente na parte externa do Capitólio, em Washington, que denunciou uma suposta ditadura do Judiciário no Brasil. Foram registradas 1.200 menções ao STF, 806 a Moraes, 214 ao Judiciário e 143 a Barroso. A instituição analisa amostras de postagens do Facebook, Instagram, YouTube, X e TikTok.

As prisões do fim de semana não guardam relação entre si, mas trazem alguns pontos de reflexão. Nos casos Marielle e Robinho, os relatores levaram as decisões em seguida para referendo do plenário. As votações foram unânimes pela manutenção das prisões. Mostra que as decisões dos relatores não foram tomadas de forma isolada, mas tiveram o respaldo do tribunal como um todo.

Outra análise possível é o avanço das investigações sobre o assassinato de Marielle Franco depois que o caso chegou ao STF. A prisão dos suspeitos é fruto de uma parceria que deve dar outros frutos.

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Ricardo Lewandowski assumiu o Ministério da Justiça com o caso Marielle como prioridade. Paulo Gonet está no comando da PGR (Procuradoria-Geral da República) com o mesmo objetivo. Para completar, Moraes foi sorteado relator das investigações.

O trio deve impulsionar agora as investigações do 8 de janeiro. O próximo passo deve ser Gonet apresentar denúncia ao STF contra autoridades suspeitas de participar da tentativa de golpe de Estado em 2023

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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