Carolina Brígido

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Protegida de Lira e do presidente do STJ cresce na briga por vaga na Corte

Na reta final da disputa em torno de duas cadeiras de ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), a candidatura de uma procuradora de Alagoas pouco conhecida no mundo jurídico ganhou força.

Maria Marluce Caldas Bezerra não figurava entre os favoritos até a semana passada. Ontem (15), ela entrou em uma das duas listas tríplices votadas no plenário do tribunal. Junto com o de outros cinco candidatos, o nome dela foi enviado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O petista escolherá um nome de cada lista. Para tomar posse como ministros do STJ, os candidatos precisam antes ser submetidos a sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.

Nos últimos dias, houve grande mobilização de ministros do STJ em torno da candidatura de Maria Marluce. A campanha foi capitaneada pelo presidente do tribunal, Herman Benjamin, e pelo ministro Humberto Martins. Aderiram à candidatura especialmente ministros nordestinos e ministras.

A procuradora tem também importantes aliados políticos: ela é tia de JHC (PL), prefeito de Maceió que foi reeleito em primeiro turno - que, por sua vez, é aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).

A candidatura de Marluce teria sido patrocinada por Lira e pelo ministro do STJ, Humberto Martins, também alagoano.

Na corte, magistrados dizem que o nome da procuradora também seria indicação do senador Renan Calheiros (MDB-AL). Os parlamentares teriam se comprometido a fazer campanha pela candidata no Palácio do Planalto, na tentativa de convencer Lula a escolher a procuradora para uma das vagas.

Aliados de Calheiros negam que ele esteja envolvido na candidatura.

As chances de Maria Marluce são grandes no Palácio. Na lista tríplices com procuradores, o mais votado foi Sammy Barbosa, do Acre. Mas Lula estaria inclinado a não nomear Barbosa.

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O presidente estaria irritado porque o STJ tirou dos finalistas o nome do desembargador Rogério Favreto, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região. Favreto era o preferido do presidente para a vaga. Foi dele a decisão, em 2018, de dar um habeas corpus a Lula, que estava preso por ordem da Lava Jato.

Na avaliação de ministros do STJ, Lula tenderia a não escolher Barbosa como resposta ao que teria considerado falta de apoio do ministro Mauro Campbell - que é o padrinho de Barbosa na disputa e não teria trabalhado por Favreto.

Herman Benjamin passou a apoiar Maria Marluce porque queria encaminhar para o Planalto uma lista equilibrada entre candidatos e candidatas. Até a semana passada, os homens eram os mais cotados para as duas vagas.

Herman saiu vitorioso da disputa porque conseguiu inserir duas desembargadoras na primeira lista - Marisa Santos, do TRF-3, e Daniele Maranhão, do TRF-1 -, além de emplacar Maria Marluce na segunda lista.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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