Carolina Brígido

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Barragem de Mariana tinha 'alto risco', diz perícia feita antes da tragédia

Relatório de uma auditoria realizada 2010 classificou a barragem do Fundão, em Mariana (MG), no "mais alto perfil de risco". A barragem rompeu cinco anos depois, deixando um rastro de destruição na região. O documento foi apresentado no sétimo dia do julgamento em Londres sobre a responsabilidade da mineradora BHP pela tragédia. A expectativa é que o julgamento seja concluído apenas em 2025.

O relatório da auditoria de 2010 também revelou que os rejeitos de mineração estavam ocupando muito espaço na barragem. O documento foi apresentado pelo advogado Alain Choo Choy, que representa mais de 620 mil atingidos pelo rompimento da barragem.

Foi revelada também na sessão desta quarta-feira (30) uma troca de e-mails do final de novembro de 2010 em relação às avaliações de risco realizadas para a abertura de mais uma unidade de produção pela Samarco. De acordo com essa avaliação, a Samarco estimou que 100 pessoas poderiam morrer se a barragem fosse rompida.

A empresa estimou uma "perda máxima previsível" total de 1,25 bilhão de libras. A responsabilidade por custear metade desse valor seria da BHP, por ser acionista de 50% da joint venture.

O relatório revela que "o perfil de risco das barragens de rejeitos atualmente observadas na Samarco é o perfil de mais alto risco entre as unidades de mineração de tamanho comparável conhecidas pelo relator". O documento acrescenta que o perfil de risco excedia "em muito os limites prescritos pelos padrões do setor".

Durante a sessão, o ex-executivo da BHP Christopher Campbell, que atuava na empresa na época da tragédia, afirmou que não tinha conhecimento da existência do relatório. Segundo ele, se tivesse tido conhecimento do documento a tempo, teria levado ele para ser analisado na Samarco e ma BHP.

A BHP nega a responsabilidade pela barragem e diz que a Samarco é a única responsável pelo rompimento. O colapso liberou 44,5 milhões de metros cúbicos de resíduos tóxicos e lama no rio Doce e levou à morte de 19 pessoas.

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