A vida do contador da família Bolsonaro não deve ser nada fácil
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Deve ser um homem muito atarefado o contador responsável por prestar contas da família Bolsonaro. Desde que o filho 01 do presidente, Flávio, apareceu no noticiário como chefe de um esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio, veio à tona um emaranhado de transações financeiras dos integrantes do clã que é difícil de explicar pela lógica das pessoas comuns. Talvez só os terraplanistas entendam.
Não se sabe o que os Bolsonaros têm contra o sistema bancário, mas o certo é que adoram fazer pagamentos em dinheiro vivo. O último exemplo, revelado em matéria da jornalista Juliana Dal Piva, no jornal O Globo, veio mais uma vez do senador Flávio Bolsonaro: em 2008, ele comprou 12 salas comerciais na Barra pagando uma parcela de R$ 86,7 mil em dinheiro vivo, depositada na conta das empresas imobiliárias.
A revelação foi feita pelo próprio Flávio, em depoimento ao Ministério Público do Rio, no dia 7 de julho.
Segundo o relato do senador, a parcela paga em espécie foi resultado de empréstimos que ele fez com o pai, Jair Bolsonaro e um irmão — não disse qual. Também "acha" que pegou dinheiro com Jorge, que era chefe de gabinete de Jair quando deputado federal e que faleceu há dois anos — era pai do ministro Jorge Oliveira, secretário-geral da Presidência.
Depois de todo esse esforço, Flávio vendeu os imóveis 43 dias após o registro em cartório e obteve na negociação um lucro espetacular de R$ 318 mil.
Ele, então, devolveu o dinheiro que pegou emprestado, obviamente também com depósitos em espécie. O senador diz que tudo está declarado ao Leão, mas isso não impede que alguém estranhe tamanha paixão por cédulas.
Essa é uma de várias operações esquisitas, como o depósito de R$ 25 mil que Fabrício Queiroz fez, também em dinheiro vivo, na conta da mulher de Flávio. O filho 01 disse desconhecer essa transação.
Não é para menos. O entra-e-sai de dinheiro na conta da família causa uma surpresa atrás da outra. É difícil acompanhar.
Assim foi com Michelle Bolsonaro. O MP descobriu que Márcia, mulher de Queiroz, depositou seis cheques que somavam R$ 17 mil na conta da primeira-dama, em 2011. Junto com outros depósitos feitos pelo próprio Queiroz, essa injeção suspeita de dinheiro chega a R$ 89 mil.
Como entender essa movimentação? Pobre contador.
Quando, em dezembro de 2018, descobriu-se que Queiroz tinha depositado R$ 24 mil na conta de Michelle, o presidente eleito deu uma explicação fora de qualquer razoabilidade. Disse que era pagamento de um empréstimo que ele, Jair, tinha feito a Queiroz.
"Só não foi na minha conta por questão de mobilidade minha, que eu ando atarefado o tempo todo para ir em banco", disse o então presidente eleito. A explicação não faz nenhum sentido.
Além disso, Jair Bolsonaro admitiu nessa mesma entrevista que não declarou o valor à Receita Federal.
Isso sem falar nos 48 depósitos de R$ 2 mil na conta de Flávio, entre junho e julho de 2017. Ou na quantia de R$ 1,6 milhão que entre 2015 e 2018 foi depositada em espécie como pagamento dos chocolates da loja de propriedade do senador.
Nesse caso específico dos bombons pagos em cash, o MP assinala que os depósitos coincidiam com as datas em que Queiroz arrecadava parte dos salários dos funcionários do então deputado estadual.
A novela da rachadinha se arrasta desde fins de 2018, sempre com surpresas envolvendo Flávio, sua esposa, a primeira-dama Michelle e Jair Bolsonaro. Não se sabe qual será o desfecho da investigação e quais revelações esse caso ainda pode proporcionar.
Mas uma coisa é certa: deve ser um homem muito atarefado o contador responsável por prestar contas da família Bolsonaro.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.