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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

'Patriotas' vão celebrar o governo que torra R$ 243 milhões em remédios

Manifestantes em ato pró-Bolsonaro  - Hanrriksson de Andrade/UOL
Manifestantes em ato pró-Bolsonaro Imagem: Hanrriksson de Andrade/UOL

Colunista do UOL

06/09/2021 14h58

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Parece que não bastou o atraso na compra de vacinas contra a covid-19, negligência que resultou em milhares de mortes que poderiam ter sido evitadas. Também não foi suficiente a infame campanha contra o distanciamento social e contra o uso de máscaras. Acharam pouco o desdém pelos mais de 570 mil óbitos, que gerou frases "patrióticas" como a célebre "eu não sou coveiro".

Tanto faz a disparada dos preços dos alimentos: em 12 meses, a carne ficou 40% mais cara, o arroz 46%, o óleo de soja acima de 80%. Com seu espírito cívico, o presidente Jair Bolsonaro lavou as mãos e descartou qualquer providência para garantir a comida na mesa de seus compatriotas. "É o mercado", justifica-se, como se não tivesse responsabilidade.

E daí se o preço do litro da gasolina está acima dos R$ 7 (mesmo que no governo Dilma a revolta tenha tomado as ruas com o preço abaixo de R$ 3)? Nada de mais se o botijão bate R$ 130 em algumas localidades.

Da mesma forma, não importam o risco de apagão, o recorde de desmatamento da Amazônia, o descontrole de armas e explosivos que levam a episódios como o mega-assalto de Araçatuba...

Para os 'patriotas', nenhum desses fatores importam. O grande motivo de desestabilização do país seria o Supremo Tribunal Federal, com destaque para os ministros Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso.

A minoria barulhenta vai às ruas amanhã celebrar esse desgoverno Bolsonaro, ignorando todos os seus erros e crimes.

Nessa extensa lista de fatos a serem minimizados para manter intacto o status de mito que atribuem a Bolsonaro, surgiu hoje uma notícia importante.

Reportagem de Constança Rezende, Raquel Lopes e Mateus Vargas, publicada na Folha de S. Paulo, revela que o governo mitológico deixou vencer nada menos que R$ 243 milhões em vacinas, testes e remédios para diversas doenças.

São 3,7 milhões de itens que poderiam servir para tratar males como hepatite C, câncer, Parkinson, Alzheimer, tuberculose, doenças raras, esquizofrenia, artrite reumatoide, transplantados, problemas renais e várias outras doenças.

Muitos desses medicamentos estão em falta nas unidades de saúde dos estados.

Para os tais 'patriotas', tudo normal.

Querem intervenção militar para anular o STF e dar poderes de ditador ao mito que comete barbaridades. Chamam esse tipo de dependência de "independência".

Nem vale a pena tentar entender.

Afinal, talvez não haja incoerência maior que apoiar o presidente que pratica tantos atos abomináveis contra os brasileiros e repetir o tal slogan "Brasil acima de tudo".