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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Na reunião da ONU, Bolsonaro vai confirmar ao mundo que é um mentiroso

Bolsonaro na ONU - AFP
Bolsonaro na ONU Imagem: AFP

Colunista do UOL

20/09/2021 04h00

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Desde que assumiu, o presidente Jair Bolsonaro mostrou-se ao Brasil como mentiroso recorrente. O repertório de lorotas é variado. Inventou fraude no sistema de urnas eletrônicas; sustentou a falsa eficácia de um remédio contra a covid-19; disseminou propositalmente a interpretação errônea da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre as responsabilidades federais, estaduais e municipais durante a pandemia; culpou indígenas e camponeses pelas queimadas na Amazônia... E houve muitas mais.

Não bastasse a anomalia trágica de o Brasil ter na Presidência um cascateiro, ele ainda lança mão de cinismo. "Fake news fazem parte da nossa vida", afirmou Bolsonaro, há poucos dias, com expressão debochada.

O presidente tem lugar de fala para tratar do tema: levantamento da ONG internacional Artigo 19 concluiu que o ocupante do Palácio do Planalto mentiu 1682 vezes ao longo de 2020.

Agora, Bolsonaro tem a oportunidade de fazer o país se expor a vexame internacional, exibindo sua compulsão pela mentira ao mundo.

Isso acontecerá mesmo antes do discurso que vai proferir na Assembleia Geral da ONU, na terça-feira.

Para ingressar no prédio da entidade, em Nova York, todos os chefes de Estado deverão estar imunizados. Por conta do status dos participantes da reunião, a ONU não faz checagem, acredita na declaração de cada um deles. É o chamado "sistema de honra".

O porta-voz da ONU disse ao jornal Washington Post que, ao passar o crachá para entrar no prédio, os delegados atestam que estão vacinados.

Como se sabe, Bolsonaro não se vacinou. E ainda propaga que conquistou imunidade natural - uma falácia.

Se amanhã o presidente brasileiro usar o seu crachá para ingressar na sede da ONU, estará mostrando ao planeta o seu caráter, mentindo mesmo sem proferir nenhuma sílaba aos colegas de outros países. Um recorde.

O povo brasileiro não merece passar por tamanha vergonha.

Mas essa certamente não será a última causada por Bolsonaro.