Alemanha contrata médicos imigrantes para ajudar na pandemia
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Resumo da notícia
- Regiões como Saxônia fazem campanhas em redes sociais convidando médicos imigrantes e refugiados a se apresentar a postos de trabalho
- Sob Merkel, Alemanha recebeu 1 milhão de refugiados
- Cerca de 14 mil médicos sírios aguardam revalidação de seus diplomas
Nas redes sociais, um anúncio do governo da Saxônia era explícito: as autoridades do estado pediam que médicos imigrantes que estivessem na Alemanha se apresentassem para ajudar no combate à pandemia do coronavírus, mesmo que seus títulos não estivessem reconhecidos no país europeu.
"Estamos procurando médicos sem aprovação e que fiquem na Saxônia para nos ajudar na pandemia", afirmou o comunicado das autoridades.
O estado é a base de um dos movimentos mais xenófobos da Alemanha, o Pegida. A Saxônia é ainda a região com a maior penetração da influência do partido de extrema-direita Alternativa para Alemanha e que tem o discurso anti-imigrante como uma de suas principais bandeiras.
Agora, recorre justamente a essas pessoas para ajudar a salvar vidas, algumas das quais votaram pelos movimentos anti-estrangeiros.
O estado não foi o único a sair em busca de estrangeiros. Hamburgo anunciou que precisava de voluntários e abriu o espaço para que médicos estrangeiros pudessem se apresentar.
Considerada como exemplo na luta contra o vírus, a Alemanha conseguiu a façanha de testar 100 mil pessoas por dia e sua capacidade excedente de leitos de UTI explica, em parte, o número relativamente pequeno de mortes no país.
Mas o país sofre com a falta de profissionais e foi buscar justamente naqueles que entraram na Europa nos últimos anos uma saída.
Desde 2015, a Alemanha se transformou num dos principais destinos de imigrantes e refugiados, principalmente da Síria. A política de portas abertas de Angela Merkel garantiu o desembarque de 1 milhão de sírios. O gesto lhe custou uma forte reação doméstica e o surgimento do partido Alternativa para Alemanha como uma força política.
No total, 3,9 mil médicos sírios vivem na Alemanha, a segunda maior nacionalidade entre os profissionais estrangeiros. Mas algumas estimativas apontam que outros 14 mil ainda aguardam para saber se terão seus diplomatas reconhecidos e quais cursos terão de realizar para poder voltar a ter uma carreira profissional no novo país.
Com a guerra que eclodiu em 2011, a Síria perdeu 40% de todos os seus médicos. 80% deles tinham acabado de se formar quando optaram por deixar o país.
Mas, fora da Síria, o processo de revalidação de diplomatas pode levar anos.
Desde 2018, porém, grupos de extrema-direita têm tentado barrar iniciativas do governo federal alemão para permitir que médicos ou outros profissionais estrangeiros possam começar a trabalhar, enquanto esperam para saber o destino de seus pedidos de asilo.
Suspensão
A busca por estrangeiros para preencher as vagas no esforço nacional contra a pandemia, porém, é apenas parte da história envolvendo refugiados e imigrantes. Milhares deles estão confinados em centros de asilo e, diante da quarentena, a tensão aumenta diante da impossibilidade de se manter um distanciamento social adequado. Para muitos, o confinamento também representa um abalo em suas rendas.
O governo alemão ainda anunciou em março que estava suspendendo qualquer processo de re-localização daqueles que pediram asilo no país, deixando famílias com seus destinos em suspense.
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