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Jamil Chade

Criticada pelo Itamaraty, OMS enviará milhões de equipamentos para região

26.mar.2020 - O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o presidente Jair Bolsonaro durante videoconferência dos líderes do G20 -  Marcos Corrêa/PR
26.mar.2020 - O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o presidente Jair Bolsonaro durante videoconferência dos líderes do G20 Imagem: Marcos Corrêa/PR

Colunista do UOL

10/06/2020 17h51

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Num esforço para tentar conter o coronavírus, a OMS coloca a América do Sul como prioridade em sua ação e anuncia o envio de milhões de equipamentos para os governos da região. A entidade deixou claro nesta quarta-feira que a crise era "profundamente preocupante" no continente e pediu que todo o foco fosse colocado em "parar o vírus".

A região sul-americana é hoje o epicentro da pandemia, com o Brasil liderando no mundo em número de novos casos e de mortes na última semana.

Em seu informe nesta quarta-feira, a agência somava 7,1 milhões de casos no mundo. Em 24 horas, foram 105 mil e 3,6 mil mortes. Cerca de 20% das mortes ocorreram no Brasil.

No total, a OMS indicou em seu boletim diário que já enviou mais de 5 milhões de itens de equipamentos de proteção individual para 112 países. Uma operação ainda está em andamento para o envio de mais de 149 milhões de itens adicionais para 138 países, incluindo uma doação de 100 milhões de máscaras médicas e um milhão de respiradores N95 da Fundação Jack Ma.

"Com a América do Sul e o Caribe emergindo como novos centros da pandemia COVID-19, a OMS está priorizando o envio de um enorme volume de equipamentos de proteção individual (6 000 m3) para seu Escritório Regional para as Américas para distribuição", indicou.

Cerca de 24,7 milhões de equipamentos pessoais de proteção adquiridos pela OMS estão sendo alocados para a região, juntamente com 26 milhões de máscaras médicas e mais de 420 mil respiradores doados pela Fundação Jack Ma.

Com essa operação, a América do Sul passou a ser a prioridade da OMS em termos de operação. A iniciativa ocorre no mundo em que o governo brasileiro anuncia que está ameaçando deixar a agência mundial da Saúde, alegando que a entidade não teria sito ágil suficiente para alertar sobre a crise.

Nesta terça-feira, em uma reunião ministerial, o chanceler brasileiro Ernesto Araújo criticou a OMS e indicou que o Brasil iria defender uma investigação sobre a entidade. Horas depois, foi a vez do presidente Jair Bolsonaro voltar a ameaçar retirar o país da instituição diante do que ele chamou de um comportamento de um "partido político".

No dia 30 de janeiro, a OMS declarou a emergência global, o máximo nível dentro das regras internacionais. Mais de um mês depois, em 9 de março, o presidente brasileiro insistiu que a questão estava "superdimensionada".

Dois dias depois, a OMS declarou a pandemia global. Mas, naquele mesmo momento, Bolsonaro indicou outras gripes mataram mais que a covid-19. Uma semana depois, Bolsonaro chamou de "histeria" o assunto.

Quase dois meses depois do alerta de emergência da OMS, em 24 de março, o presidente brasileiro insistiu em termos como "gripezinha" e "resfriadinho". No dia 12 de abril, ele ainda indicou que o vírus estava "indo embora".