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Jamil Chade

Londres pode barrar voos do Brasil para evitar importação de nova mutação

Primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, durante sessão do Parlamento em Londres -
Primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, durante sessão do Parlamento em Londres

Colunista do UOL

13/01/2021 18h35

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Resumo da notícia

  • Reunião de Boris Johnson com oposição foi relatada pelo jornal The Guardian
  • Diplomatas brasileiros indicaram que estão "cientes" do risco; decisão pode ser tomada nesta quinta-feira

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, considera barrar a chegada de voos do Brasil, num esforço para conter a chegada de uma nova variante do vírus da covid-19.

Numa reunião nesta quarta-feira relatada pelo jornal The Guardian, o chefe de governo em Londres acenou para a possibilidade de que novas restrições de viagem poderiam ser impostas, ainda que não tenha feito qualquer anúncio. Seu país vive a mais intensa onda de contaminações desde o início da pandemia e, apesar de mais um lockdown, os dados revelam um número recorde de mortos nas últimas 24 horas.

A coluna confirmou com diplomatas brasileiros que, de fato, o governo acompanha com atenção o que ocorre em Londres e que está ciente da possibilidade de uma interrupção de voos.

Em seu último informe semanal, a OMS também mencionou o caso da variante identificada no Brasil e como ela teria sido identificada no Japão. Tóquio, porém, deixa claro que não existem sinais de que a mutação tenha deixado o vírus mais letal.

Mas, para a OMS, há uma possibilidade de um impacto na capacidade de transmissão. "Em 9 de janeiro, o Japão notificou a OMS sobre uma nova variante do SARS-CoV-2 dentro da linhagem B.1.1.28 detectada em quatro viajantes que chegavam do Brasil", indicou o informe da agência internacional. "Esta variante tem 12 mutações para a proteína, incluindo três mutações em comum com VOC 202012/01 e 501Y.V2, ou seja: K417N/T, E484K e N501Y, que podem impactar a transmissibilidade e a resposta imune", alertou a OMS.

"Pesquisadores no Brasil relataram adicionalmente o surgimento de uma variante similar também com uma mutação do E484K, que provavelmente evoluiu independentemente da variante detectada entre os viajantes japoneses. A extensão e o significado para a saúde pública dessas novas variantes requerem investigação adicional", admitiu a agência.

Sob forte pressão diante de uma das piores crises em décadas, Johnson foi questionado pela deputada Yvette Cooper, da oposição, numa reunião no Parlamento. Ela insistiu em saber por qual motivo o governo mantinha a autorização de viagens ao Brasil, mesmo depois de uma variante do vírus ter sido identificada no país e em brasileiros que desembarcaram no Japão.

"Você foi avisado sobre a variante do Brasil há três dias. Ainda não sabemos se essa variante poderia prejudicar o programa de vacinação. Por que você não está tomando medidas imediatas, com base na precaução"? perguntou Cooper, segundo o jornal The Guardian.

"Estamos preocupados com a nova variante brasileira", respondeu Johnson. O primeiro-ministro justificou que medidas já estão sendo tomadas. "Nós estamos: estamos colocando medidas extras para garantir que as pessoas vindas do Brasil sejam controladas: e de fato impedindo as pessoas vindas do Brasil", indicou, sem dar detalhes.

O comitê de especialistas do governo que lida com a pandemia, conhecido como Nervtag, se debruçou no tema da variante brasileira em sua última reunião, no início da semana.

Uma proibição, apenas poderia ocorrer depois de uma decisão do comitê ministerial, com reunião marcada para esta quinta-feira. Johnson, porém, indica que existem incertas sobre o que a variante representa em termos de riscos.

Cooper insistiu se Londres estava considerando banir os voos. Mas Johnson apenas repetiu que o governo estava "tomando medidas".

"Estamos tomando medidas para deter a variante brasileira, pois tomamos medidas para impedir a importação da variante sul-africana para este país, como de fato os franceses tomaram medidas para impedir a importação da variante Kent para a França: isso é o que os países fazem", completou o primeiro-ministro.