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Brasil, China e Índia condicionam corte de emissões a dinheiro de ricos
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Os governos do Brasil, China, Índia e África do Sul se unem para exigir dos países ricos garantias de que haverá um acordo sobre o financiamento para países emergentes, na Conferência da ONU para Mudanças Climáticas, em Glasgow.
Conforme o UOL revelou no domingo, o processo negociador terminou sua primeira semana em crise e com o otimismo sendo substituído por uma tensão e temor de um colapso no processo.
Na primeira reunião nesta segunda-feira, a crise ficou escancarada. Falando em nome dos quatro grandes países emergentes, a Índia deixou claro que os avanços foram insuficientes e que, hoje, é a "credibilidade do sistema que está ameaçada".
Os governos emergentes querem que uma estrutura seja criada para avaliar o novo patamar da contribuição dos ricos. Mas os indianos alertam que, em resposta, os países desenvolvidos apenas sugerem seminários vagos e sem compromissos. Durante a reunião, os emergentes foram claros: sem a questão financeira, as promessas de cortes de emissões de CO2 serão minadas.
Na semana passada, o Brasil sinalizou promessas de cortes de 50% de emissões até 2030, propostas similares adotadas por China e outros emergentes.
Em 2009, os governos chegaram a um acordo para garantir uma transferência de US$ 100 bilhões de economias ricas aos pobres para permitir que eles possam agir para reduzir desmatamento e se adaptar às mudanças climáticas. Mas o Brasil, numa proposta submetida na semana passada, apontou que esse valor jamais se transformou em realidade e que, mais de uma década depois, é insuficiente.
O que as grandes nações emergentes querem, agora, é que Glasgow feche um acordo para criar um processo institucional para repensar o valor a ser pago e que esse trabalho esteja concluído em 2023. Mas os países ricos se recusam.
A reunião, que foi um espelho da crise na negociação, ainda viu países como Bangladesh, Peru e muitos outros alertar para o risco de um colapso no processo. "Vocês falam em ambição, mas não querem nem definir o financiamento climático ou falar de perdas aos pobres", criticou a delegação da Bolívia. "Como uma real ambição pode ser atingida? Se não aprendermos da história, vamos repeti-la e a história é de promessas quebradas", concluiu.
Aliança inusitada com a China
Apesar de ter se distanciado da China nos fóruns internacionais nos últimos dois anos, um aliança inusitada começou a ser forjada com Pequim na COP26. A senadora Katia Abreu, que faz parte da delegação, revelou que ela e o senador Rodrigo Pacheco estiveram reunidos com o negociador chefe da China para a COP26. Xie Zhenhua. e ouviu dele uma posição dura em relação aos países ricos.
A aliança informal ocorre depois de o governo Bolsonaro ter usado reuniões na ONU, OMS e outros organismos para denunciar as práticas da China na diplomacia internacional. Agora, a posição de Brasília corre o risco de estar mais próxima de Pequim que de países como EUA.
Um país, um voto
Durante a negociação, governos ainda têm criticado os organizadores britânicos diante da decisão da presidência da COP26 de manter reuniões negociadoras pela madrugada, em Glasgow. Com delegações pequenas, países como Bolívia e africanos não contam com gente suficiente para trabalhar durante toda a noite e ainda estar pronto para as negociações que são retomadas logo pela manhã.
O resultado, segundo essas delegações, é uma disparidade entre as delegações, com as maiores delas capazes de substituir negociadores e manter a pressão constante.
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