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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Biden anunciará financiamento para proteção da Amazônia

9.fev.2023 - O presidente Lula e sua esposa, Janja, chegam a Washington - Reprodução/Twitter/Lula
9.fev.2023 - O presidente Lula e sua esposa, Janja, chegam a Washington Imagem: Reprodução/Twitter/Lula

Colunista do UOL

09/02/2023 21h18Atualizada em 10/02/2023 12h09

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O presidente Joe Biden anunciará nesta sexta-feira, em Washington, a participação dos EUA no financiamento do esforço do Brasil para lidar com o desmatamento e a proteção da Amazônia. Nessa quinta à noite na capital americana, os últimos detalhes estavam sendo negociados para permitir que o americano faça o gesto que há anos vinha sendo cobrado pelo Brasil.

Além disso, os americanos também sinalizarão sua intenção de que os recursos sejam canalizados por meio do Fundo Amazônia, ainda que os detalhes sobre como isso ocorrerá ainda estejam abertos a uma negociação.

O mecanismo havia sido desmontado por uma iniciativa do governo de Jair Bolsonaro. Na Europa, os recursos foram congelados, enquanto o desmatamento aumentou de forma exponencial.

Biden se reúne nesta sexta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Salão Oval. O encontro, apesar de ser relativamente curto, é uma sinalização do começo de uma nova era na relação entre as duas maiores economias das Américas.

O governo americano acenou às autoridades brasileiras que a iniciativa financeira é unilateral e apenas um início de um projeto maior. Ou seja, um gesto da Casa Branca para mostrar que está comprometida com uma nova política brasileira para o clima, ainda que o valor dessa primeira parcela seja limitado.

Os recursos, que devem ser detalhados nesta sexta, seriam apenas o início de uma participação maior por parte dos EUA em questões de combate ao desmatamento na América do Sul e que poderia envolver outros países. Para a região, o volume de recursos chegaria a mais de US$ 4 bilhões.

Segundo o UOL apurou, existe a possibilidade de que a doação seja citada até mesmo no comunicado final do encontro, caso se concretize. Alemanha e Noruega também já tinham feito anúncios similares.

Conforme a reportagem apurou com exclusividade na manhã desta quinta-feira, as negociações entre o Brasil e EUA nesse campo estavam "em estágio avançado". Quando Lula pousou em Washington, no final do dia, a delegação foi informada de que Biden deverá fazer o anúncio durante o encontro.

Lula vai falar em ações tomadas em seu primeiro mês

Para mostrar que o Brasil não mudou apenas seu discurso e abandonou o negacionismo climático de Jair Bolsonaro, Lula e sua delegação vão deixar claro que as operações contra o garimpo, as ações para socorrer os indígenas e a reconstrução das instituições já estão ocorrendo.

A operação do Ibama, Funai e Força Nacional de Segurança Pública iniciada na quarta-feira ainda pode ser mencionada pelo governo brasileiro como uma prova de que há uma mudança real.

Se em todos os demais dossiês a expectativa é de apenas iniciar um diálogo político e para que os chefes de Estado orientem suas equipes sobre como trabalhar nos próximos meses, a esperança de Lula é de sair de Washington com pelo menos um compromisso por parte de Biden em temas ambientais.

Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, também acompanhará o presidente, e tem insistindo na necessidade de que os países ricos façam sua contraparte ao desembolsar recursos para ajudar os emergentes a lidar com a situação climática e ambiental.

Para isso, o Palácio do Planalto chega ao encontro na Casa Branca com políticas efetivas. Lula vai mostrar que seu governo tomou as seguintes iniciativas concretas:

  • O início de uma ação real contra os crimes ambientais:
  • A operação para o resgate do povo yanomami e a expulsão dos garimpeiros

Não se trata, segundo negociadores, de "passar o pires". Mas o Planalto sabe que o governo americano não irá abrir a torneira apenas como um gesto de boa vontade ou graças a uma mudança de discurso por parte do Brasil.

O gesto é uma mudança ainda profunda em relação ao comportamento de Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, que foi interpretado como "chantagista" por parte de observadores internacionais, ao solicitar o dinheiro americano.