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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Em plena era digital, 675 milhões de pessoas ainda vivem sem eletricidade

Lâmpada, energia elétrica, conta de luz - Getty Images/iStock
Lâmpada, energia elétrica, conta de luz Imagem: Getty Images/iStock

Colunista do UOL

06/06/2023 09h00

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Para 675 milhões de pessoas pelo mundo, o século 20 ainda não chegou plenamente e a revolução do acesso à energia elétrica é um sonho. Apenas na pandemia da covid-19, 75 milhões deixaram de ter capacidade financeira para pagar por luz e eletricidade.

Os dados estão sendo revelados nesta terça-feira, num mapeamento inédito realizado por entidades internacionais como ONU, OMS e a Agência Internacional de Energia.

A constatação é de as zonas abandonadas pelo mundo são cada vez menores. Mas o avanço da tecnologia é ainda desigual e insuficiente. Em 2010, a energia elétrica chegava para 84% da população mundial. Em 2021, a taxa subiu para 91%. No Brasil, o abastecimento chega a 99%.

Em números, o total de pessoas sem acesso no mundo passou de 1,1 bilhão para 675 milhões, entre 2010 e 2021.

Se entre 2010 e 2019, cerca de 129 milhões de pessoas extras tinham acesso à energia, a taxa caiu para 114 milhões desde 2019, em parte por conta do impacto econômico da pandemia.

A redução na taxa de expansão já acende um alerta na ONU e ameaça a meta estabelecida de que, em 2030, o acesso à energia elétrica seria universal.

Para que isso ocorra, a expansão do acesso precisa ser de 1% ao ano. Hoje, é de apenas 0,6%.

"Se não forem implementados esforços e medidas adicionais, cerca de 660 milhões de pessoas - 560 milhões na África Subsaariana e 70 milhões na Ásia em desenvolvimento - permanecerão sem atendimento em 2030", alertou o informe.

Para as entidades, "diante dos contínuos impactos negativos da covid-19 nas economias globais e nacionais, agravados pela guerra na Ucrânia e pela crise energética relacionada, ações urgentes devem ser tomadas para evitar retrocessos no acesso".

No total, o levantamento constata que 51 países do mundo em desenvolvimento alcançaram o acesso universal à energia elétrica, 17 deles na América Latina e no Caribe. Outros 95 países, concentrados na África Subsaariana, ainda estavam abaixo da meta em 2021. Na África Subsaariana, o número de pessoas sem acesso era praticamente o mesmo em 2021 e em 2010.

Eis os países com o maior número de pessoas sem acesso à energia elétrica:

  • Nigéria (86 milhões)
  • República Democrática do Congo (76 milhões)
  • Etiópia (55 milhões)

Já o maior avanço na década ocorreu na Ásia.

O número de pessoas sem acesso despencou na Ásia Central e Meridional, caindo de 414 milhões em 2010 para apenas 24 milhões em 2021, com grande parte da melhoria ocorrendo em Bangladesh e Índia.

O número de pessoas sem acesso à eletricidade no leste e sudeste da Ásia diminuiu de 90 milhões para 35 milhões durante o mesmo período.