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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Instituições mundiais estão falidas e ONU precisa de nova direção, diz Lula

O presidente francês Emmanuel Macron cumprimenta o presidente Lula durante sessão do Novo Pacto Financeiro Global, em Paris - Lewis Joly/Pool/AFP
O presidente francês Emmanuel Macron cumprimenta o presidente Lula durante sessão do Novo Pacto Financeiro Global, em Paris Imagem: Lewis Joly/Pool/AFP

Colunista do UOL

24/06/2023 05h21

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a ausência de uma maior participação de países em desenvolvimento no comando de organismos internacionais e alertou que as atuais instituições estão "falidas".

Lula participou nos últimos dias da Cúpula por um Novo Pacto Global, em Paris. Neste sábado, numa coletiva de imprensa na capital francesa, ele foi taxativo em relação à necessidade de que uma nova estrutura de poder seja estabelecida.

"Do ponto de vista do Brasil, tenho exigido uma governança global mais representativas", disse. Para ele, sem uma entidade como a ONU capaz de aplicar os acordos internacionais, há poucas chances de que avanços possam ocorrer.

"A ONU precisa estar fortalecida. A (entidade) de 1945 não é a de 2023", disse. Para ele, não existe explicação para que a América Latina, o Brasil e outros países não estejam no Conselho de Segurança da ONU.

"Precisamos renovar direção da ONU para que tenhamos organismo com poder de decisão", afirmou. Caso contrário, diz ele, "cada um vai se trancar em seu umbigo".

Lula lembrou como as decisões tomadas nas Cúpulas do Clima têm sido ignorada por governos e como acordos como o de Kyoto não foram aprovados em Congressos nacionais. O brasileiro ainda voltou a criticar o fato de que, 14 anos depois do Acordo de Paris, os países ricos continuam sem destinar os US$ 100 bilhões prometidos aos mais pobres.

Para ele, nem a ONU, FMI ou Banco Mundial são hoje representativos. "As instituições estão falidas. O mundo de 2023 precisa de outras instituições. Mais fortes", defendeu.

Lula ainda lembrou como são os próprios países do Conselho de Segurança que invadem outros territórios, numa referência aos americanos no Iraque, russos na Ucrânia e franceses na Líbia.

Haiti ignorado

Outro sintoma dessa falta de representatividade seria, segundo Lula, o abandono de crises "abandonadas" por potências.

Uma delas seria o Haiti. "O país está abandonado à sua própria sorte, dominado por gangues". "O mundo deveria ter uma preocupação com Haiti", defendeu.

O governo brasileiro, conforme o UOL revelou há dois meses, se recusou a atender a pedidos da ONU para que liderasse eventuais operações de paz.

"Passamos 13 anos la", disse Lula. "O Brasil foi o único que colocou dinheiro vivo la", disse, lembrando de um projeto para a construção de uma hidroelétrica. Sem recursos de outros países, o projeto jamais saiu do papel.

Para ele, o mundo precisa ajudar financeiramente o Haiti, além de auxiliar no policiamento. Segundo Lula, as gangues tomaram conta e não deixam governar.

O brasileiro prometeu que irá levar a situação para a cúpula do G20 e dos Brics. "O Haiti paga o preço de ser primeiros a conquistar independência e dos negros se libertarem", disse.

Segundo ele, há a sensação de que "o Haiti não é problema de ninguém, quando é o problema de todos nós".