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Jamil Chade

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Na ONU, Israel diz que vive seu 11 de setembro e que "nada será como antes"

O governo de Israel denuncia na ONU o terrorismo cometido pelo Hamas nos últimos dias e alerta que os acontecimentos representam o equivalente aos atentados de 11 de setembro para o país. "Nada será como antes", declarou Gilad Erdan, embaixador de Israel na ONU. "Esse é nosso 11 de setembro", afirmou, numa referência aos ataques contra os EUA em 2001.

Neste domingo, o Conselho de Segurança da ONU se reúne a portas fechadas para debater a crise, num encontro convocado pelo Brasil, que preside o órgão no mês de outubro.

Entrando ao salão do encontro, tanto os embaixadores da China como o governo dos EUA condenaram publicamente os ataques. A diplomacia americana ainda indicou que espera que todos os demais 14 países do Conselho também usem o encontro para condenar o Hamas.

Antes da reunião, Erdan acusou o Hamas de "selvagens", de agir de "da mesma forma que atuaram os nazistas" e equiparou o grupo ao Estado Islâmico e Al Qaeda. Mostrando fotos dos crimes, o diplomata chamou o Hamas de "animais" que "pisavam nos palestinos como insetos", num tom pouco comum dentro da ONU.

"O que vimos são crimes de guerra e faremos de tudo para trazer nossos cidadãos sequestrados de volta", garantiu.

Segundo ele, muitos países hoje apoiam Israel. Mas ele acusou a comunidade internacional de ter "memória curta". "Não deixar que o mundo se esqueça dessas atrocidades cometidas por um grupo de genocidas", insistiu.

"Apagar" o Hamas

A fala do embaixador de que "nada será como antes" foi recebida por diplomatas como um sinal claro de a estratégia militar israelense deve mudar.

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Para o diplomata, a comunidade internacional não pode continuar a dar recursos para Gaza. "Esse dinheiro não vai para escolas. Todo o território de Gaza faz parte da máquina de terror do Hamas", indicou, numa sugestão de que todos os locais podem ser alvos de respostas e que uma ação generalizada sobre o território onde existem 2 milhões de habitantes seria justificada.

Segundo ele, a meta agora é a de "apagar" o grupo terrorista para que "nunca mais ocorra". "É uma guerra contra a civilização".

"História não começou ontem", diz palestino

As frases do diplomata israelense foram seguidas por uma coletiva por parte do embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, que alertou que Israel não pode conduzir uma guerra, esperando que haverá paz. "Precisamos lidar com as raizes da crise. Liberdade, não ocupação", disse.

Numa declaração pedindo paz, o embaixador insistiu que a história não começou com o recente ataque do Hamas. "Ano após ano, estamos dizendo que a situação é intolerável", afirmou, numa referência aos ataques israelenses. "Nós escolhemos o caminho da paz, que é o que a comunidade internacional aposta. Não nos prove agora que estávamos errados", alertou.

Para ele, é tempo de colocar "fim à violência e iniciar um diálogo político". Mas, também fugindo do tom usado tradicionalmente na ONU, fez acusações contra Israel. "Não somos sub-humanos", disse. O diplomata insiste que não se pode defender a paz, e ao mesmo tempo defender a ocupação.

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Mansour ainda lançou um alerta ao Conselho: "onde está a proteção aos palestinos quando há uma ocupação?". Em seu discurso, ele pediu que o órgão defenda o direito internacional, e não que se abandone isso. Para ele, essa é a hora de justiça, não vingança.

Para a relatora da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, "não há como ser seletivo na indignação" e lembrou que o próprio bloqueio de Gaza, iniciado há 16 anos, é um crime de guerra cometido por Israel.

Documentos

Num texto submetido ao Conselho e obtido pelo UOL, a diplomacia palestina insiste que chegou a hora de Israel cumprir as dezenas de resoluções que já foram aprovadas ao longo de anos na ONU, condenando sua ocupação de terras palestinas.

"O Conselho de Segurança deve acabar com sua paralisia e exigir que se cumpra os deveres da Carta da ONU", diz o texto palestino. "Diante da ameaça para a paz e segurança, ele deve assumir suas responsabilidades", insistiu.

"As resoluções da ONU precisam ser implementadas e Israel não pode continuar a atuar como um estado acima da lei", aponta.

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O governo de Israel tomou uma postura radicalmente diferente. "É o momento da comunidade internacional e do Conselho de Segurança de condenar de forma inequívoca os ataques terroristas contra a população israelense", afirmou.

A convocação da reunião tem como meta debater formas de lidar com a crise que muitos temem que pode desestabilizar de forma definitiva a região e abrir uma guerra deflagrada no mundo.

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