Jamil Chade

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Brasileiros e parentes são repatriados de Gaza; metade não consegue sair

Apenas a metade dos brasileiros e parentes que queriam deixar Gaza no segundo grupo de repatriados vai conseguir viajar para o Brasil. Israel vetou a saída de parte deles, e algumas famílias desistiram de deixar a região em conflito sem todos os parentes.

Dos 102 pedidos, 47 pessoas serão resgatadas pelo governo brasileiro amanhã. Entre eles estão onze binacionais brasileiro-palestinos e 36 palestinos. São 27 menores, 16 mulheres e quatro homens.

A lista entregue pelos israelenses autorizou a saída de 78 pessoas, das quais 33 têm dupla cidadania — brasileira e palestina (o restante eram palestinos, com grau de parentesco com outros brasileiros).

24 nomes solicitados pelo Brasil não foram atendidos, sem explicações. Desses, sete eram brasileiros-palestinos.

Segundo o Itamaraty, em vários casos, famílias optaram por ficar unidas após a recusa de Israel em permitir a saída de um dos membros. Em outros casos, pais e filhos foram separados.

Nesta manhã, o grupo já estava no posto de fronteira do Egito. Depois de concluído o processo na fronteira, eles seguiram rota para o Cairo, onde vão esperar a chegada do avião da FAB, que decolou hoje do Rio.

Israel sempre se especializou em dispersar e dividir famílias palestinas durante 75 anos. O que vemos hoje é como eles voltaram a fazer isso na lista de viajantes.
Hasan Rabee, que veio para o Brasil no primeiro grupo repatriado; saída de irmã foi vetada

Brasileiros que serão repatriados posam para foto na fronteira do Egito; avião da FAB chega amanhã
Brasileiros que serão repatriados posam para foto na fronteira do Egito; avião da FAB chega amanhã Imagem: Arquivo pessoal

Este segundo grupo de repatriados ficará em um hotel nas proximidades do aeroporto do Cairo até a chegada do avião KC-30 (um Airbus A330 200), prevista para ocorrer por volta das 3h deste domingo no país árabe (22h deste sábado no Brasil).

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De acordo com o Itamaraty, o embarque em direção ao Brasil ocorrerá ainda no domingo.

O governo brasileiro havia reunido em Rafah, ao sul da Faixa de Gaza, perto da fronteira, cerca de 85 pessoas. Quatro casas foram alugadas para permitir que eles saíssem das zonas mais afetadas pelo conflito. Além deles, mais 20 ainda faziam parte da segunda lista, apesar de não estarem em locais obtidos pelo governo.

O UOL apurou que o veto para certos membros das famílias neste segundo grupo veio de Israel e que o Itamaraty, não recebeu explicações sobre o comportamento do governo de Benjamin Netanyahu.

Depois de retirar no mês passado cerca de 30 pessoas de Gaza, o Brasil apresentou às autoridades de Israel e do Egito uma segunda lista de brasileiros e parentes palestinos que gostariam de sair da região sob ataque.

Cruzar a fronteira depende de uma verificação e de uma autorização tanto dos oficiais do Cairo como de Tel Aviv.

Aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira decolou do Rio para repatriar brasileiros em Gaza
Aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira decolou do Rio para repatriar brasileiros em Gaza Imagem: 9.dez.2023-Força Aérea Brasileira
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Hasan Rabee, brasileiro que deixou Gaza em outubro, relatou que a autorização foi dada para sua mãe e uma das suas irmãs, que ficaram em Gaza. Mas outra irmã não foi permitida sair.

Segundo ele, outras famílias estão vivendo o mesmo drama. Numa delas, Ibrahim Shaheen, nascido em 2006, não recebeu a autorização de sair de Gaza. Outro é Imad Amna, de 57 anos.

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