Jamil Chade

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Em crise, ONU cortará quase mil funcionários no atendimento a refugiados

Num momento em que o mundo vive um movimento sem precedentes no fluxo de refugiados e que o volume de pessoas deslocadas bate um recorde absoluto, a ONU admite que não tem mais dinheiro para lidar com a dimensão da crise.

Nesta quarta-feira, o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, afirmou que sua agência terá uma redução de 5% no números de funcionários que atuam pelo mundo no atendimento a essas pessoas. Segundo ele, serão mais de 900 postos eliminados, dos 20 mil que trabalham para o Acnur.

"Eu seria negligente se eu não mencionasse que muitas organizações humanitárias estão enfrentando sérios desafios de financiamento", disse o italiano, ao abrir o maior evento sobre refugiados no mundo, em Genebra.

O UOL apurou que, em 2024, as demissões podem continuar, com o número total chegando a quase mil postos eliminados.

"Somente o Acnur está precisando de US$ 400 milhões para encerrar o ano com o mínimo de recursos necessários, um déficit que não experimentamos há anos. E todos nós estamos olhando com muita preocupação para 2024", alertou.

Hoje, o mundo conta com 114 milhões de refugiados e deslocados, número que explodiu nos últimos anos com crises humanitárias, guerras e tensões em diferentes partes do mundo, de forma simultânea.

O corte de funcionários é apenas mais um sintoma de uma situação cada vez mais complicada, em diversas agências internacionais.

Para lidar com cerca de 3 milhões de refugiados venezuelanos, inclusive no Brasil, as agências da ONU fazem um apelo para que governos destinem 1,59 bilhão de dólares para apoiar esse grupo em 2024.

"Em 2023, o Plano de Resposta forneceu assistência humanitária e serviços de proteção, além de implementar programas de integração socioeconômica para mais de 2 milhões de pessoas refugiadas, migrantes e membros das comunidades de acolhida afetadas", disse.

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No entanto, ainda existem na região quatro milhões de pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela com necessidades humanitárias urgentes de proteção e integração.

A avaliação também revelou que uma em cada três pessoas venezuelanas na região não possui um status regular ou a documentação necessária para obter acesso a empregos decentes, serviços de saúde, moradia ou educação.

Mas um ano após o lançamento deste plano, o Acnur aponta que apenas 20% dos fundos necessários foram recebidos, "limitando severamente a assistência".

"Em meio a múltiplas crises, a comunidade internacional não pode esquecer da situação de milhões de refugiados e migrantes na América Latina e no Caribe", pede a entidade.

Mais de 7,7 milhões de pessoas venezuelanas estão fora do seu país. E mais de 6,5 milhões residem na América Latina e no Caribe.

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