Em Davos, Brasil defenderá 'diálogo' como saída para guerra na Ucrânia
O governo brasileiro irá defender que um diálogo seja estabelecido entre ucranianos e russos, como forma de permitir que a guerra que chega aos seus dois anos possa encontrar uma saída. Neste domingo, os governo da Ucrânia e Suíça organizam o que será a maior cúpula já realizada sobre o tema, com 120 conselheiros nacionais de segurança de todo o mundo convidados. A reunião ocorre em Davos, um dia antes do Fórum Econômico Mundial, ainda que organizadores acreditem que cerca de 80 países estarão presentes.
O Brasil será representado pelo embaixador Celso Amorim, atual assessor especial da presidência para Assuntos Internacionais. Ao UOL, ele destacou que a mensagem do Brasil será a de promover o diálogo.
Mas, assim como nas outras três reuniões já realizadas ao longo dos últimos meses, a Rússia não foi convidada.
A esperança dos ucranianos é de que o encontro resulte num apoio, principalmente dos emergentes, ao plano de paz de Volodymyr Zelensky. E que uma cúpula da paz possa ser convocada para as próximas semanas. Não está claro, porém, como seria a participação de Moscou.
Um dos temores dos ucranianos é de que, com Gaza ganhando papel central no debate internacional e com governos ocidentais cada vez mais relutantes em manter a ajuda financeira e militar às autoridades de Kiev, algum tipo de solução diplomática poderia ser encontrada.
Outro temor é de que, com uma eventual vitória de Donald Trump nas eleições americanas neste ano, Kiev fique sem o apoio dos EUA.
O problema, segundo diplomatas brasileiros, é que o plano ucraniano não significa uma base de negociações para os russos. Ele exige que todas as tropas russas deixem o território e que um tribunal seja estabelecido para julgar os crimes do Kremlin.
Em dezembro, em entrevista exclusiva ao UOL, Amorim afirmou que um dos cenários que poderiam ser imaginados para a Ucrânia seria um "armistício, sem uma definição jurídica formal de que terra fica com quem".
"Mas com base na situação no terreno, talvez com algumas correções", afirmou.
"Temos de levar em consideração o sofrimento dos ucranianos e não podemos premiar a invasão, que é uma quebra da Carta da ONU. Mas também teremos de ser realistas e ver o que é possível", disse.
Para ele, o plano de paz do Zelensky "não tem futuro". "Não é avaliar se ele é justo ou não. É o terreno que não permite que ele ocorra", afirmou.
Segundo Amorim, a União Europeia "já discute participação da Ucrânia no bloco". Isso é algo que a Rússia não toleraria há três anos. Hoje, ela talvez seja obrigada a aceitar. Eu já ouço dizer que, em matéria de território, algo seja perdido. Mas por outro lado haja maior garantia de segurança para a Ucrânia", completou.
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