Jamil Chade

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Com 1 chuveiro para 2 mil pessoas em Gaza, OMS vê 'explosão de doenças'

Num alerta emitido nesta sexta-feira, a OMS (Organização Mundial da Saúde) aponta para a "explosão" de doenças entre a população da Faixa de Gaza. Segundo a agência, a destruição de infraestrutura básica, o deslocamento de 1,7 milhão de pessoas, a falta de hospitais e de saneamento são as principais explicações.

A região vive uma ofensiva israelense desde o começo de outubro, como resposta aos ataques feitos pelo Hamas e que deixaram mais de 1,2 mil mortos entre os israelenses. Muitos eram civis e o ato foi condenado pela ONU e dezenas de governos pelo mundo. Usando dados do Ministério da Saúde em Gaza, a ONU destacou que o conflito se aproxima dos 25 mil mortos, 61 mil feridos e milhares ainda sob os escombros dos prédios destruídos.

Mas a reação das autoridades de Israel vem gerando indignação entre as agências internacionais, principalmente diante do impacto na sociedade civil.

Essas são as principais conclusões da OMS, mais de 100 dias depois do início do conflito:

223.600 casos de infecções respiratórias em abrigos de pessoas deslocadas

158.300 casos de diarreia, incluindo 84.000 entre crianças com menos de cinco anos de idade

68.700 casos de piolhos e sarna

6.600 casos de varicela

44.550 casos de erupções cutâneas

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Casos de hepatite E sendo identificados, com 7.529 casos presumidos (com sintomas da Síndrome da Icterícia Aguda (AJS),

Lugar mais perigoso do mundo para ser uma criança

O número de casos de diarreia entre crianças com menos de cinco anos de idade registrados durante os últimos três meses de 2023 é 26 vezes maior do que os relatórios do mesmo período em 2022. Segundo a Unicef, o aumento foi de 40% apenas no último mês.

"Se essa situação continuar, vamos ver mais mortes por conta de fome e doenças, que por bombas", alertou Ted Chaiban, vice-diretor-executivo da Unicef. "Gaza é o lugar mais perigoso do mundo para ser uma criança", afirmou. Segundo ele, dos quase 25 mil mortos, 70% são mulheres e crianças.

"A morte de crianças precisa parar imediatamente", disse.

Enquanto isso, a ONU denunciou nesta sexta-feira atos de tortura cometidos por forças de Israel contra prisioneiros palestinos. "Os horrores não podem ser normalizados", disse Ravina Shamdasani, porta-voz da ONU para Direitos Humanos.

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Num raio-x da situação, a OMS ainda avalia que o cenário é agravado pelos seguintes fatores:

Mais de 1,7 milhão de pessoas foram desalojadas de suas casas e estão vivendo em abrigos superlotados.

Em média, 500 pessoas compartilham um banheiro e mais de 2.000 compartilham um chuveiro, sendo que, às vezes, não há banheiros disponíveis nos abrigos.

A falta de banheiros e serviços de saneamento forçou as pessoas a defecar ao ar livre, aumentando a preocupação com a disseminação de doenças.

As atividades de vacinação de rotina interrompidas, bem como a falta de medicamentos para o tratamento de doenças transmissíveis, aumentam ainda mais o risco de disseminação acelerada de doenças. Isso é agravado pela cobertura incompleta do sistema de vigilância de doenças, incluindo a detecção precoce de doenças e as capacidades de resposta.

Os sistemas de vigilância de rotina não estão funcionando atualmente, dificultando a detecção, a análise e a resposta eficazes às ameaças à saúde pública.

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Inúmeros indivíduos sem acesso a instalações de saúde podem não estar sendo diagnosticados, o que indica que a situação pode ser mais grave do que parece.

Atualmente, a OMS está avaliando as opções de transporte de amostras para o Egito, reforçando as capacidades de vigilância e detecção e a implantação de laboratórios móveis.

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