Jamil Chade

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'Irã queria fazer um gesto, a questão é como Israel responderá', diz Amorim

O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, diz considerar que os ataques deste sábado contra Israel são gestos que o Irã fez depois dos ataques contra seu consulado e que, agora, tudo depende de como o governo de Benjamin Netanyahu vai responder.

Em entrevista ao UOL, o principal diplomata brasileiro considera que, na região, é "sempre difícil" avaliar quem iniciou a crise. Mas, segundo ele, neste caso específico, o ataque iraniano era um resposta ao bombardeio contra o consulado de Teerã em Damasco, na Síria. "O Irã queria fazer um gesto", afirmou, lembrando da importância que a Guarda Revolucionária Iraniana tem para a estrutura de poder em Teerã. No ataque contra o escritório iraniano, um alto militar da Guarda foi morto.

No sábado, o Itamaraty emitiu um comunicado sobre os ataques, mas não condenou o Irã. O tom foi parecido ao que foi usado pelos governos da Rússia e da China que, mesmo alertando para o risco dos ataques, evitaram condenar o Irã.

"Por sorte ou por qualquer outro motivo, os drones e mísseis não atingiram seus alvos", disse. "Mas a questão é como o governo de Israel vai responder", estimou o ex-chanceler e ex-ministro da Defesa.

Amorim conversou com o presidente Lula e, por enquanto, não existe qualquer iniciativa para se convocar nem o G20, presidido pelo Brasil, nem o Brics. O G7 se reunirá e o Conselho de Segurança da ONU realiza um encontro de emergência neste domingo.

O embaixador brasileiro não descarta que a crise tenha um potencial de gerar uma turbulência ainda maior na região, saindo de controle. "Isso é sempre um risco", admitiu.

Diplomatas estimam que Bibi buscou trazer Biden de volta para guerra

No Itamaraty, a percepção de Amorim é compartilhada por alguns dos principais embaixadores. A percepção é de que Netanyahu buscou trazer "de volta para a guerra" o governo dos EUA, cada vez mais crítico contra Israel por sua ação em Gaza.

Há duas semanas, pela primeira vez, o governo americano se absteve numa resolução contra Israel no Conselho de Segurança, revelando a distância entre Biden e Netanyahu. Pensando em sua própria reeleição, o americano passou a temer perder votos por conta de seu apoio ao israelense em Gaza.

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Há também a percepção de que Netanyahu, ao atacar Damasco, buscava uma sobrevida como primeiro-ministro israelense. "Ele está interessado em salvar sua pele", completou um experiente negociador.

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