Na ONU, Amorim compara IA à bomba nuclear e defende acesso aos emergentes
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O assessor especial da presidência, Celso Amorim, alertou que o mundo vive a maior crise desde a Segunda Guerra Mundial e insistiu que os países emergentes precisam ter acesso à tecnologia de Inteligência Artificial.
Falando na sede da ONU em Genebra, o diplomata fez um diagnóstico da situação atual e traçou um paralelo entre o desenvolvimento da energia nuclear e da IA.
"O mundo está vivendo a maior crise desde a 2a Guerra Mundial", disse, fazendo referência à situação do clima, da pandemia e da desigualdade.
Mas ele insistiu sobre o impacto que o controle da IA pode ter para o futuro do mundo, principalmente entre os emergentes.
"Dois países detém 90% da propriedade intelectual digital", disse. Ou seja, de IA. "Isso é como o descobrimento do fogo, a invenção da energia", insistiu. "Precisamos garantir que são usadas de forma positiva e com regras justas", disse.
Sua avaliação é de que uma negociação entre China e EUA para determinar a forma de utilização da nova tecnologia é positiva. Mas alertou que esse processo não pode excluir o restante da comunidade internacional.
Nesse aspecto, ele comparou o processo à criação do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Naquele momento, os detentores da bomba mantiveram seus arsenais, com uma promessa de desmonte que jamais foi cumprida. Enquanto isso, o restante do mundo passou a ser proibido de desenvolver a tecnologia.
"Ou um país vira pária ou abre mão de tudo", disse Amorim.
"Precisa haver regulação. Mas precisa fazer de forma conjunta, com os direitos de todos para desenvolver a tecnologia", defendeu o embaixador, que lembrou como algoritmos são usados para o desenvolvimento de armas.
Amorim ainda criticou a resistência das potências em manter intacto o sistema de poder na ordem internacional. "Será que querem mesmo mudar o sistema ou só aliviar o pior para que possamos manter o sistema como tal?, questionou.
O diplomata citou, como exemplo, a negociação comercial da Rodada Doha, enterrada na OMC por falta de acordo. Segundo ele, americanos e europeus queriam que o processo fosse apenas mais um acordo comercial, no qual as duas potências acomodariam seus interesses e deixariam algumas poucas vantagens aos emergentes.
"Mas não aceitamos", lembrou. "Parecia aquela velha máxima: vamos mudar as coisas para não mudar nada", constatou.
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