Jamil Chade

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Reportagem

Ao representar Argentina, Brasil repete ajuda dada na Guerra das Malvinas

Ao hastear a bandeira do Brasil na embaixada da Argentina na Venezuela, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva repete uma tradição histórica da diplomacia brasileira.

Diante da ruptura de relações entre Nicolas Maduro e Javier Milei, o Itamaraty passou a representar os interesses de Buenos Aires na capital venezuelana. Uma ironia do destino. Afinal, se Jair Bolsonaro, aliado de Milei, estivesse no poder, o Brasil tampouco teria uma representação diplomática na Venezuela, e Milei teria de buscar outro caminho.

Mas essa não é a primeira vez que o Brasil presta esse serviço aos argentinos. Nos anos 80, o Itamaraty assumiu a representação dos interesses diplomáticos de Buenos Aires em Londres, durante a Guerra das Malvinas.

O papel exercido pelo Brasil em Londres foi de longa duração. O Itamaraty ficou responsável pelos interesses argentinos entre 1982 e 1990, quando finalmente Reino Unido e Argentina restabeleceram relações diplomáticas.

Outros casos

Na região, o Brasil também já desempenhou esse papel. O Itamaraty passou a representar os interesses bolivianos no Chile, diante da Guerra do Chaco, que aconteceu de 1932 a 35.

O Brasil também já representou os interesses dos Estados Unidos. Em 1914, com a intervenção armada norte-americana no porto de Veracruz, o México e os EUA romperam relações diplomáticas. A missão brasileira na capital mexicana, chefiada por José Manoel Cardoso de Oliveira, passou a representar os interesses norte-americanos no país vizinho.

Em seguida, Argentina, Brasil e Chile se ofereceram como mediadores no conflito entre os dois países, e foi convocada, para tanto, a Conferência de Niagara Falls, no Canadá.

A prática diplomática de representação é tradicionalmente dada a países com a capacidade de manter os canais abertos com todos os interlocutores. A Suíça, por exemplo, representou por anos os interesses americanos em Cuba e no Irã, depois da revolução islâmica.

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