Ortega dá cargo de ministra à embaixadora expulsa pelo governo Lula
O ditador nicaraguense Daniel Ortega nomeou como ministra a embaixadora expulsa ontem (8) pelo Itamaraty. O gesto foi interpretado, por membros do governo brasileiro, como uma provocação à gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.
Na quinta-feira, o Itamaraty anunciou a expulsão de Fulvia Castro. Trata-se de uma resposta diplomática depois que Ortega exigiu a saída do embaixador do Brasil em Managua, Breno de Souza da Costa.
Contudo, a diplomata nicaraguense não será enviada para outro posto pelo mundo e nem ficará num limbo administrativo. Ainda na quinta-feira, a vice-presidente da Nicarágua, Rosario Murillo, anunciou que Fulvia Castro será a nova ministra de Economia Familiar.
"Fulvia Castro está a caminho de nossa Nicarágua, onde atuará como ministra da Economia Familiar após sua chegada e assim que a nomeação oficial for formalizada por nosso presidente", anunciou a vice-presidente, que é esposa de Ortega.
O ditador centro-americano decidiu retaliar o governo brasileiro diante da articulação em sigilo para que o Brasil assuma papel de mediador na crise na Nicarágua, na busca por uma solução política. Ao expulsar o embaixador Breno da Costa, Ortega desmontou os planos para que houvesse algum tipo de transição.
Governo Ortega omite crise diplomática, e expulsa mais sete padres
Na declaração, a vice-presidente não citou a palavra "expulsão" e não fez referências à crise diplomática. "Vamos adiante, sempre além", afirmou, ao dar a notícia sobre a volta de sua embaixadora de Brasília.
Segundo ela, o governo Ortega continua a promover "rotas de garantias da paz e de justiça, garantia de avanços". Em sua alocução, repetiu que a Nicarágua é "soberana e livre", além de "harmoniosa e colorida".
No meio do anúncio, ela ainda citou que "saíram de nosso país" sete sacerdotes em direção à Santa Sé. "Chegaram com segurança", completou a vice-presidente.
Os padres foram expulsos um dia antes do embaixador brasileiro. A crise entre a Igreja Católica e Ortega havia sido um dos motivos da tentativa do Brasil de interceder no caso do país centro-americano. Lula atendia a um pedido do próprio papa Francisco.
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