Instituto Herzog: Papéis dos EUA mostram que não sabemos tudo da ditadura
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Os documentos do Departamento de Estado revelados pelo UOL mostram que, meio século depois da morte de Vladimir Herzog, ainda não se conhece a história completa sobre a ditadura militar no Brasil. O alerta é de Rogério Sottili, diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog.
Os telegramas publicados nesta sexta-feira apontam como a diplomacia do governo de Gerald Ford foi crítico em relação aos militares brasileiros por conta do caso de Vladimir Herzog e temeu um aumento da repressão no Brasil.
"O que esses telegramas nos dizem é que, mesmo 50 anos depois, temos muito a descobrir ainda sobre como a ditadura realizou o processo de mortes, repressão e desaparecimentos", disse Sottili. "Isso revela o quanto ainda precisa ser pesquisado e a importância da compreensão de que esse processo ainda não acabou", afirmou.
Para ele, a responsabilidade do estado fica evidente no processo de desaparecimentos forçados e tortura.
"O documento também revela o quanto o governo dos EUA acompanhou esse processo de tortura e as ditaduras na América Latina. Fica evidente que não estavam preocupados com as mortes, com os excessos. Mas com esses excessos poderiam provocar uma reação e desestabilizasse os regimes", disse o ex-secretário de Direitos Humanos.
Sottili destaca como os relatos dos diplomatas americanos indicam para o envolvimento da imprensa como parte de um regime mais amplo de censura.
"A informação revela a participação ativa ou passiva da imprensa nacional como colaboradora da ditadura. Isso é muito grave. Ja tínhamos elementos que apontavam nessa direção. Mas esse documento reforça essa questão", afirmou.
Para ele, a publicação inédita como é "importante continuar cobrando esclarecimentos, abertura de arquivos e que sejam criados processos de investigação e responsabilização pelos crimes cometidos".
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